Atletas não conseguem receber FAE e suspeitam de irregularidade na distribuição
Acusação é que ex-atletas são contemplados com recurso; presidente da Funesp nega irregularidade
Campo Grande (MS) - Benefícios do FAE (Fundo de Apoio ao Esporte), executado pela Funesp (Fundação Municipal de Esporte), teriam sido distribuídos irregularmente neste ano. A acusação parte de atletas que afirmam pleitear os recursos há anos e não conseguem ser contemplados.
O Fundo, criado pela Lei Municipal 3.366 de 23/09/1997, visa dar “apoio financeiro aos atletas e equipes de Campo Grande proporcionando-lhes, condições para melhoria do seu desempenho físico e técnico, buscando alcançar melhores resultados em competições Internacionais, Nacionais, Regionais (Centro Oeste) e Estaduais”.
Pela lei, têm direito ao FAE, preferencialmente, “atletas, equipes, clubes com Sede no Município de Campo Grande devidamente filiados à Federação. Com resultados expressivos obtidos em competições Internacionais, Nacionais, Regionais (Centro Oeste) e Estaduais”. Além disto, o benefício pode ser concedido a clubes ou federações.
O problema é que um beneficiário da lista deste ano não é atleta.Wilson Anderson de Almeida, conhecido como Nando, consta na relação com benefício concedido no valor de R$ 2 mil. Ele promove torneios de vôlei de praia em Campo Grande.
Por telefone, Nando garantiu que a acusação não procede e explica que o fundo também pode ser reservado para atender a realização de eventos.
Pelo texto da Lei, disponível no site da Prefeitura de Campo Grande, apenas atletas, clubes ou federações são contemplados. Além disso, na relação, a FVMS (Federação de Voleibol de Mato Grosso do Sul) foi contemplada com R$ 8 mil.
“Não sou mais atleta, mas promovo eventos. O fundo tem sete conselheiros e se houvesse algo irregular dificilmente passaria”, defendeu-se. Nando ressaltou, ainda, que a verba concedida é insuficiente para realização de torneios de vôlei de praia.
“Numa etapa no final de semana seriam necessários R$ 4 mil. Fiz eventos de vôlei de praia durante 5 anos e nunca pedi ajuda para o governo ou prefeitura”, complementou.
O atleta de vôlei de praia Manoel Loureiro diz que existem boatos sobre a irregularidade na concessão do benefício, porém, não há prova, segundo ele.
“Apresentei projetos durante dez anos e nunca deram certo, enquanto de outras pessoas sempre eram aprovados”, diz, comentando que fez pelo menos dez viagens neste ano para competir em outros estados.
“Viajo com meu próprio dinheiro e com apoio de pequenos patrocinadores, empresas. Há uns três anos eu já nem peço mais (projeto no FAE)”, conta.
Outro atleta de vôlei de praia, Douglas Calepes, segue a mesma linha. Diz que tem conhecimento de que beneficiários do programa recebem o recurso há pelo menos cinco anos e não jogam mais profissionalmente, desde então.
“Há quatro anos eu tento e não consigo”, destaca, frisando que já fez viagens para jogar em Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso com todas as despesas custeadas com recursos próprios.
Em entrevista ao Campo Grande News, o presidente da Funesp, Carlos Alberto Assis, explica que o projeto distribui R$ 260 mil em recursos por ano e admite que o FAE patrocina alguns eventos. “Toda pessoa que promove esporte tem direito ao FAE”, garantiu.
“Sai em média R$ 1,5 mil para cada atleta. Nunca é o suficiente. Por mais que a gente coloque dinheiro no esporte. Sempre vai faltar”, complementa, exemplificando que a Copa Cidade de Voleibol é um dos eventos patrocinados pelo FAE.
A Funesp teve R$ 12,5 milhões de orçamento para este ano. O FAE e programa Atleta do Futuro, conforme Assis, são os principais projetos da pasta.
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