Tiro | UOL | 14/02/2007 12h42

Atiradores driblam federação e treinam "escondidos" com ex-técnico

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Rio de Janeiro (RJ) - Precupados com a proximidade dos Jogos Pan-Americanos, um grupo de atiradores da elite do esporte do país se reuniu e decidiu incrementar a preparação para o torneio. Marcaram encontros e recuperaram a rotina de treinos com o antigo técnico da seleção, o italiano Carlo Danna. Só não avisaram a Confederação Brasileira de Tiro (CBTE).

O esquema é todo feito "por fora", já que a seleção tem, oficialmente, um novo treinador, o ex-atirador Marcos Olssen. Entre os "dissidentes" estão os atletas mais conhecidos da modalidade, como Janice Teixeira, Roberto Schmitt e Renato Portela, articuladores da empreitada.

"No início do ano voltamos a treinar com o Danna, mas é tudo escondidinho ainda. Acho que nossos dirigentes não sabem, mas também não sei se querem saber", desconversa Roberto Schmitt, atirador da fossa olímpica.

"O Olssen faz o que pode, e está tentando ajudar dentro do que ele consegue. Mas o Danna tem um currículo que fala por si", e resume: "A contratação do Olssen foi idéia da CBTE, nenhum atleta foi consultado. O Carlo Danna é a nossa escolha."

Renato Portela, eleito o melhor atleta da modalidade pelo COB em 2006, e com vaga assegurada no Pan, ainda contemporiza. "Estávamos trabalhando sério com o Danna há um ano e meio. Quando ele saiu da Confederação tivemos que começar do zero com o Marcos (Olssen)."

Segundo Portela, a idéia saiu do papel pela necessidade de maior acompanhamento dos atletas. "Em ano de Pan-Americano não dá pra ignorar um trabalho tão longo, iríamos correr um risco muito grande. O Marcos é uma excelente pessoa, mas quero que o Danna seja meu técnico", afirmou o atirador da modalidade skeet.
 
Já Janice Teixeira, melhor atleta do país em fossa olímpica, é mais direta. "Decidimos pedir para voltar a treinar com ele porque sentimos a falta do Danna. Mas, como tantas outras coisas, é mais um investimento do bolso de cada um", afirmou a atiradora, que desconhece a reação da CBTE.

"Não sei se sabem, provavelmente não devem saber, já que eles normalmente não sabem muita coisa da gente mesmo", alfinetou Janice, que espera superar no Rio a prata conquistada em Winnipeg-99 e o bronze do último Pan, em Santo Domingo-03.

O novo "prestador de serviços" da seleção, Carlo Danna considerou a iniciativa dos atletas uma conseqüência da escolha do novo treinador. "O Marcos é um ex-atleta, não sei até que ponto tem conhecimento para ser treinador", questionou Danna. "Acho que ele não deveria sequer ter aceito o cargo."

A briga com o ex-técnico, no entanto, não é com Olssen, mas com os dirigentes. "Foi uma contratação impensada. Os dirigentes se viram pressionados para repor o cargo e quis mostrar serviço", analisou o italiano, que foi convidado pela Federação Italiana para comandar um curso internacional de formação de técnicos de tiro esportivo.

O atual treinador, Marcos Olssen, preferiu não interferir no que chamou de "vontade de cada um". "Sei que eles treinam com o Danna porque alguns até me comunicaram. Fiz um planejamento, mas não posso ficar com eles o tempo todo. Podem treinar com quem eles quiserem", minimizou.

Apesar de não confirmarem, as "aulinhas extras" podem se transformar em um grande trunfo para pressionar novamente a CBTE para forçar a volta do ex-treinador. Tudo depende do resultado que os atiradores brasileiros trarão do Pan.

Procurado pelo UOL Esporte, o assessor da presidência da CBTE, Cel. Simões, disse apenas que não tem confirmação dos treinos extra-oficiais.

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