Leo de Deus vence 200 m borboleta, é desqualificado, mas recupera o ouro
Guadalajara (México) - Em menos de meia hora, o sul-mato-grossense Leonardo de Deus entrou numa montanha-russa. O brasileiro surpreendeu ao voar na final dos 200m borboleta, bateu em primeiro e festejou a medalha de ouro. Assim que saiu da piscina, foi desqualificado por ter usado um patrocínio na touca. Desolado, caminhou para os vestiários com o peso da decepção. E logo depois recebeu a notícia de que a organização recuou, alegando que a culpa foi do fiscal que liberou o nadador. Quando já estava aos prantos, Leo teve a vitória confirmada, o quinto ouro brasileiro na natação nos Jogos Pan-Americanos. E Kaio Márcio, que era favorito na prova, ficou com a medalha de bronze.
Da emoção ao vencer a prova, ainda dentro d’água, Leo passou para o choro após a desqualificação e voltou a sorrir quando, enfim, subiu ao pódio para receber seu ouro. Quando tocou o Hino Nacional, aí sim, não havia mais dúvidas: com a mão no peito, apertando o uniforme e – principalmente – sem touca, Leonardo vibrou misturando emoção e sorrisos de alívio.
"Quanto mais difícil melhor, né. Todos os mexicanos, todo mundo viu que eu ganhei a prova. O que importa é que está tudo bem. Só tenho a agradecer a Deus e à organização, por reconhecer o campeão da prova. A justiça foi feita. É a medalha mais sofrida do Brasil até agora", afirmou Leonardo, que disputa seu primeiro Pan.
Assim que caiu na água, Leonardo já mostrou que estava disposto a roubar a cena. Liderou desde o início, enquanto Kaio Márcio disputava a prata com o americano Daniel Lawrence Madwed. O nadador dos Estados Unidos bateu em segundo, e Kaio ficou com o bronze. Após a vitória, o brasileiro de 20 anos foi para a borda da piscina e parecia não acreditar no resultado. Quando saiu da água, no entanto, veio a notícia da desqualificação e começou a correria.
Técnicos e dirigentes brasileiros foram falar com os organizadores da prova. O presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, e os treinadores Albertinho e Ricardo de Moura tentaram protestar contra a decisão, mas não adiantou. O resultado oficial foi anunciado, e Leo continuava desqualificado.O pódio já estava sendo montado, com o colombiano Omar Pinzon pronto para herdar o bronze. Quando Madwed, Kaio e Pinzon já estavam na fila, veio outra reviravolta. Alegando que a responsabilidade de checar os trajes é do árbitro fiscal, Leonardo foi inocentado, e o ouro voltou para o seu peito. Àquela altura, o brasileiro já estava aos prantos, mas logo recuperou o sorriso.
"É complicado você ganhar uma prova e, por falta de organização, tirarem uma coisa que você conquistou por mérito. Eu chorei porque, imagina você conquistar uma coisa e tirarem de você, na frente de não sei quantas mil pessoas, e não sei quantos mil brasileiros torcendo, você levando o Brasil nas costas. A organização tem obrigação de checar os trajes, checar a touca. Mas não aconteceu isso, me deixaram nadar. Mas agora é alegria, é comemorar", afirmou o nadador sul-mato-grossense.
Ricardo de Moura, supervisor técnico da seleção brasileira de natação, explicou o que aconteceu. "Houve um equívoco de interpretação e, a partir disso, tomou-se uma decisão que não era esportiva. Mas, pelo bom senso, voltaram atrás. O atleta só pode entrar com a touca sem patrocinador nenhum. Mas isso passou em branco por quem deveria fazer o controle. Não é justo o atleta ter que pagar por isso", ressaltou o técnico.
Kaio Márcio, que foi bronze, herdou a prata e depois voltou a ser bronze, lamentou a perda de fôlego no fim, mas saiu satisfeito. "Acabou que eu cansei bastante no fim, mas fiz o que podia fazer no momento. Estou feliz com o bronze, e agora é focar nos 100m borboleta. Sinto muito o ar aqui, sou um atleta mais pesado, sinto muscularmente. Mas foi legal", declarou.
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