"Gordinho" uruguaio ganha torcida e deixa Brasil com ciúme
Rio de Janeiro (RJ) - "Vocês ouviram os gritos? Ele recebeu mais aplauso do que eu quando fiz o gol", disse o central Jaqson, indignado, após a vitória sobre o Uruguai na semifinal dos Jogos Pan-Americanos. "Ele foi mais aplaudido do que a gente, ganhou mais atenção."
O alvo da revolta não é nenhuma celebridade que roubou a cena no Riocentro durante o jogo, mas um dos adversários: Orlando "El Topo" Buquet, o "gordinho uruguaio", como o apelidou a torcida. Com medidas longe do padrão de um jogador de handebol - 1,69 m e 110 kg - Orlando virou xodó da arquibancada, que pediu sua presença em quadra aos gritos.
"Orlando, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!", entoavam os brasileiros enquanto a seleção vencia por 9 a 3 no primeiro tempo. Uma vez em quadra, o uruguaio recebia palmas cada vez que tocava na bola. Uma jogada bonita valia até gritos animados dos brasileiros. Seu único gol, na vitória por 28 a 16, fez a torcida levantar.
A bagunça foi tanta que até o técnico do Brasil, o espanhol Jordi Ribera, comentou sobre o caso. "Fico feliz por ele. Deve ser muito gratificante ser recebido com tanta alegria em um outro país", disse o treinador, um pouco incrédulo.
Léo, artilheiro do jogo, também não achou muita graça. "Não acho ruim que torçam, brasileiro é assim, gosta de brincar, mas prefiro que façam mais barulho pra gente", comentou.
Silvinho ainda criticou "El Topo". "Ele incomoda na área, fica dando cotovelada, é bem chatinho, mas consigo dar um jeito", reclamou o jogador, que é apenas 1 centímetro mais alto do que o uruguaio, mas pesa 33 quilos a menos.
Já o armador Borges, desdenhou do caso. "Ah, não ligo, não. A torcida se diverte mesmo, gosta de fazer festa, não acho ruim", disse, sem dar importância ao "queridinho".
Orlando, que é arquiteto e joga handebol "quando dá tempo", admitiu que ficava incomodado no início com a insistente torcida, mas disse que aprendeu a levar o assédio na esportiva.
"Eu sei que fazem essa torcida toda porque sou diferente dos demais jogadores, sou mais baixinho e gordinho", afirmou o uruguaio, que disse ter suas vantagens. "Sou pivô, então compenso o tamanho com a força dos lançamentos. Além disso, é mais difícil para os altos me marcarem."
O goleiro brasileiro Maik que o diga. Com tanto incentivo, Orlando chegou a marcar um gol contra o Brasil, em jogada estilosa de "El Topo." A torcida foi à loucura, e nem Maik conseguiu segurar a risada.
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