Olimpíadas | Gazeta Esportiva.Net | 22/08/2008 16h56

Brasil vira sobre 'freguesa' Itália e está na final das Olimpíadas

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Pequim (China) - Em um dos principais clássicos do voleibol mundial, mais uma vez quem se deu meljor foi a seleção brasileira masculina de vôlei. Nesta sexta-feira, a equipe do técnico Bernardinho virou a semifinal contra a Itália e garantiu uma vaga na decisão dos Jogos de Pequim ao bater os rivais por 3 sets a 1, parciais de 19/25, 25/18, 25/21 e 25/22.

Depois de começar jogando muito mal, permitindo que o oposto italiano Mauro Gavotto passeasse em quadra, o Brasil manteve a escrita de jamais ter perdido para os tradicionais rivais na história das Olimpíadas - as duas equipes, inclusive, se encontraram na decisão dos Jogos de Atenas, em 2004 com vitória verde-amarela por 3 sets a 1. Contando com a partida desta sexta, os italianos não vencem o Brasil há dez partidas: a última derrota foi na Liga Mundial de 2003.

Buscando de volta seu espaço no cenário internacional depois de viver uma profunda crise no último ciclo olímpico, a Itália chegou à semifinal em Pequim longe da condição de favorita. Com isso, impôs muitas dificuldades aos brasileiros, que mais uma vez em Pequim não jogaram tudo o que são capazes.

Ainda assim, mas na base do sufoco, a seleção nacional conseguiu se classificar para a quarta decisão olímpica em sua história (perdeu apenas em 1984). Méritos para o técnico Bernardinho, que soube tirar um apagado Dante na hora exata, ainda no segundo set, dando mais uma chance para o vibrante Murilo, resposável por um bloqueio decisivo na reta final do quarto set, quando a Itália tinha o contra-ataque para empatar em 20 a 20.

O Brasil ainda pôde contar com a falta de sorte da equipe italiana, que perdeu um de seus melhores atletas, Luigi Mastrangelo, durante a partida. No terceiro set, ele caiu em cima do pé de Alberto Cisolla e sofreu uma lesão no tornozelo. Gavotto também passou a ser melhor marcado e acabou substituído por um baleado Alessandro Fei, longe de sua melhor forma porque ainda se recupera de uma contusão.

Como a seleção feminina também está na decisão, trata-se de uma oportunidade inédita de o Brasil sair da China com a medalha de ouro nas duas modalidades. Coincidentemente, o adversário tanto do masculino quanto das mulheres serão os Estados Unidos. Os norte-americanos, porém, também estão em busca de uma marca representativa, já que ficaram com o ouro nas duas disputas do vôlei de praia.

A decisão olímpica do masculino será marcada por grande rivalidade, visto que os jogadores brasileiros já declararam diversas vezes que estão com os Estados Unidos \\\"entalados na garganta\\\" depois da derrota na semifinal da Liga Mundial, disputada no mês passado no Rio de Janeiro - foi o primeiro torneio desde que Bernardinho assumiu o time, em 2001, em que o Brasil não subiu ao pódio.

Ao contrário dos italianos, os norte-americanos são a grande pedra no sapato dos brasileiros, que perderam os dois últimos confrontos para os rivais - na final do Pan, o Brasil venceu um time B do país. Fora da semifinal por conta de uma torção no tornozelo sofrida pouco antes do início do mata-mata na China, o oposto Anderson é dúvida para a decisão da medalha de ouro.

Outro detalhe interesssante é que Bernardinho e José Roberto Guimarães podem conquistar a segunda medalha olímpica de suas respectivas carreiras no mesmo final de semana. Campeão em Barcelona-1992 com o time masculino, Zé Roberto tenta nova consagração a partir das 9 horas (horário de Brasília) deste sábado, enquanto Bernardinho tentará repetir o que fez com os homens em Atenas-2004 a partir da 01h00 (de Brasília) de sábado para domingo.

O jogo - O Brasil começou a partida de forma irreconhecível. Totalmente desconcentrada, a seleção brasileira ia muito mal na recepção, ao passo que os atacantes não conseguiam usar seu talento individual para compensar as falhas: em seu terceiro erro em três ataques, Giba ficou no bloqueio de Matteo Martino.

Pouco antes, o líbero Serginho e o atacante Dante já haviam vivido um momento de indecisão na defesa, permitindo o ace de Alberto Cisolla. Muito atrás no placar, a seleção brasileira até esboçou a reação quando André Nascimento bloqueou Mauro Gavotto e fez 05 a 10.

Mas o time brasileiro não soube aproveitar o bom momento e tomou o troco pouco depois, com Gavotto respondendo o oposto Nascimento na mesma moeda: 12 a 06. Mal na partida, Giba finalmente marcou seu primeiro ponto quando cravou uma bola na diagonal e fez 10 a 14.

Apesar de errar muitos saques, a Itália se mostrava com uma defesa bem posicionada para as jogadas brasileiras, além de muita vontade: no 15º ponto do Brasil, os italianos fizeram uma defesa maravilhosa, com os atletas da equipe se jogando no fundo da quadra para salvar a bola. Porém, Gustavo acabou com a jogada com um ataque pelo meio.

Entretanto, nova desatenção de Dante e Serginho na reta final do set permitiu outro ace a Cisolla: 23 a 17. Giba ainda salvou o primeiro set point, mas na sequência André Heller atacou na rede e a Itália fechou em 25 a 19.

No segundo set, o oposto italiano Mauro Gavotto começou mais uma vez sem marcação, enquanto o bloqueio da Itália continuava ao menos tocando nos ataques brasileiros. Acontece que três lances seguidos levantaram a equipe do Brasil, que abriu 5 a 3 com Giba explorando o bloqueio.

A partir daí, o time verde-amarelo ficou mais vibrante e André Nascimento marcou 9 a 4. O técnico Andrea Anastasi então pediu tempo, mas na volta os italianos tiveram que engolir um ace de Gustavo: 10 a 04.

André Heller então finalmente apareceu no jogo e, com três pontos seguidos, chegou ao 14 a 08. Foi então que um lance curioso aconteceu. Ao tentar salvar uma bola, Cisolla foi atrapalhado por um dos juízes e não conseguiu executar a jogada. Após muita reclamação, o ponto foi desconsiderado e Dante acabou bloqueado por Gavotto.

Apesar disto, o Brasil não se entrgou e foi para o segundo tempo técnico com 16 a 10. A pausa fez bem para a Itália, que conseguiu encaixar três pontos seguidos, mas a vantagem dos atuais campeões olímpicos era alta demais para ser desperdiçada e Bruninho empatou o duelo ao conseguir um ace: 25 a 18.

O terceiro set começou equilibrado e quem brilhou no começo da terceira etapa foi Murilo, que entrou muito bem no lugar de Dante. A equipe nacional, porém, seguia errando excessivamente para uma semifinal olímpica e não conseguia escapar no placar: o primeiro tempo técnico ocorreu com um 8 a 7 no placar.

Um bloqueio de André Heller que voltou no rosto de Emanuele Birarelli deu ainda mais tranquilidade ao Brasil: 13 a 10. Porém, alguns erros da equipe nacional fizeram com que a Itália continuasse na parada, esperando apenas o momento certo para dar o bote.

Foi aí que a falta de sorte arruinou os planos dos italianos: após saltar para um bloqueio, Luigi Mastrangelo caiu em cima do pé de Alberto Cisolla. Medalhista em Sidney-2000 e em Atenas-2004, o atleta sofreu uma lesão no tornozelo e teve que ser substituído por Vigor Bovolenta.

Para piorar, o melhor jogador italiano na partida, Gavotto passou a sentir a pressão e não consiguia mais virar bolas com tabnta eficiência. Ele então cedeu lugar para o experiente Alessandro Fei, ainda longe de suas melhores condições fisícas por conta de uma contusão na virilha.

O Brasil então aproveitou-se da falta de ritmo dos rivais e fechou a etapa em 25 a 21 depois de um ataque de André Nascimento ainda tocado pelo bloqueio - antes, Birarelli havia salvado um set point para a equipe verde-amarela.

Apesar de ter saído atrás no placar da quarta etapa (3 a 1), o Brasil usou a força de seu bloqueio para chegar ao 9 a 4, ponto feito através do paredão de Gustavo. A vantagem, porém, foi colocada em perigo depois de uma série de erros dos atacantes brasileiros, como a falha de Giba que deu o 11º ponto da Itália (13 a 11).

Valentes, os italianos quase chegaram ao empate na reta final da etapa: Fei teve um contra-ataque na mão para empatar a parcial em 19 a 19, mas parou no bloqueio de Murilo. O lance abalou os italianos, que ainda tiveram um último suspiro de esperança de chegar à final quando Giba parou em Birarelli. Na sequência, entretanto, Murilo fez sua parte e assegurou o Brasil na final.

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