Hipismo | GE.Net | 02/12/2007 08h38

Diretor de adestramento admite que Brasil pode nem ir à Pequim

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São Paulo (SP) - Para o diretor de adestramento da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), coronel Salim Nigri, o Brasil corre o risco real de não levar representantes para os Jogos Olímpicos de Pequim-2008. Nesta sexta-feira, na primeira seletiva para formação da equipe brasileira, nenhum dos candidatos obteve o índice mínimo exigido pela Federação Internacional de Hipismo (da sigla em inglês FEI). "Corremos o risco de nem ir", confessou o dirigente a GE.Net, admitindo preocupação.

A dificuldade da prova de classificação, assim como o número reduzido de cavalos com nível para disputá-la são as ameaças à qualificação brasileira. "A prova é muito difícil, muito adiantada. Acho absolutamente possível que ninguém atinja o índice".

O índice estabelecido pela FEI é de 64% de aproveitamento em reprise do tipo Grande Prêmio em Concursos Internacionais com nível mímino três estrelas. Caso o Brasil não consiga comprovar a capacitação técnica de seus conjuntos, a vaga vai para outro país.

A primeira e única participação olímpica nacional aconteceu em 1972. "Mas naquele tempo a procura era menor, faltava gente para competir porque poucos países praticavam adestramento. Formamos uma equipe e fomos convidados. Esta é a primeira vez que o Brasil se qualifica", ressalta Nigri.

A seletiva de sexta-feira, no Clube Hípico de Santo Amaro, em São Paulo, teve apenas dois concorrentes: o sul-mato-grossense Rogério Clementino e Elias Marinho. Campeão da prova, Marinho teve média 61,500%. Clementino, medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos, ficou com 58,875%.

Com movimentos bem mais difíceis que os exigidos na São Jorge (prova de nível pan-americano) a reprise de Grande Prêmio pode permanecer inacessível para algumas montarias. Mesmo as que estiveram no Pan do Rio, que classificou o Brasil para Pequim.

"Sabíamos que não teríamos um rendimento muito alto agora, mas quanto mais cedo começassemos, melhor. Começamos mais cedo para as pessoas entenderem que não vai ser simples", justifica Nigri.

O número reduzido de candidatos também não o surpreendeu. Segundo o coronel, alguns prováveis concorrentes ainda não estão em condições de entrar na briga para valer.

"Mas esperamos que realmente haja uma boa participação". Apesar do otimismo, Nigri sabe que o número de competidores com chances reais será limitado até o fim. "Temos, no máximo, oito cavalos em condições no país. Nossa expectativa é esta porque não temos uma grande quantidade de cavalos para fazer esta prova".

Mesmo assim, os cavaleiros não desistem. A também medalhista pan-americana, Luiza Tavares de Almeida está na Europa, segundo Nigri "em um centro de treinamento, tentando preparar o mesmo cavalo do Pan (Samba)". Jorge Ferreira da Rocha, que estava classificado para o Pan mas não participou por causa de uma intoxicação alimentar, ficou fora da primeira seletiva porque seu cavalo teve um problema dentário.

Candidata não classificada para os Jogos do Rio, Micheline Ivette Schulze ficou de fora hoje porque sua nova montaria chegou da Europa há apenas dois dias. "Só vamos começar a trabalhar para as Olimpíadas no ano que vem", explica. A terceira integrante do time pan-americano, Renata Costa, está treinando na Holanda.

"Pensar em resultados é muito prematuro ainda\\\', completa Nigri. \\\'O Grande Premio exige movimentos difíceis, que não acontecem de uma hora para outra".

O receio de não conseguir qualificar nenhum conjunto para Pequim levou a CBH a programar um plano B de emergência. A programação original para Pequim prevê mais quatro seletivas em 2008: em março, abril, maio e junho.

Três serão em São Paulo e uma no Rio, no Complexo de Deodoro, sendo que somente a de abril já tem data confirmada (19 a 21), novamente na capital paulista. Mas se ninguém conseguir o índice em nenhuma delas, a Confederação pretende fazer mais uma última, como derradeira classificatória.

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