Futsal | Lucas Castro e Luciano Pinheiro | 27/06/2019 16h16

AMF/Miranda é eliminada da Copa do Brasil de Futsal com gol a segundos do fim

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A Associação Mirandense Futsal (AMF/Miranda) foi eliminada, no último sábado (22), da Copa Brasil de Futsal, na segunda fase da competição. A equipe do Portal do Pantanal empatou em 4 a 4 com a Associação Sorriso Futsal (ASF/Sorriso), de Mato Grosso, no ginásio do Colégio ABC, em Campo Grande. No entanto, o time de Miranda precisava da vitória para levar a partida para o tempo extra, por ter perdido o confronto de ida por 4 a 0, no Ginásio Aecim Tocantins, em Cuiabá-MT, no dia 7 de junho.

Conforme o regulamento da competição, só avança à próxima fase a equipe que vencer as duas partidas (ida e volta) ou ganhar o primeiro duelo e empatar o segundo. Portanto, o saldo de gols feito pelo clube de Sorriso-MT no confronto inicial não foi levado em conta para o duelo de volta. Em caso de dois empates ou vitórias alternadas, o desempate seria feito por meio de período suplementar de dez minutos, sendo dois tempos cinco minutos, sem intervalo.

O duelo

Precisando buscar o resultado positivo, a equipe do Pantanal lançou-se ao ataque desde o primeiro minuto da partida, com marcação pressão na saída de bola do adversário. Porém, quem abriu o placar foi a ASF, aos 5 minutos, com fixo Ítalo Sousa, camisa 82. A AMF/Miranda foi responder após quatro minutos. Jaqueta, camisa 7, empatou para os mandantes.

O restante do primeiro tempo foi equilibrado, mas a todo momento movimentado, com chances incisivas de gols de ambos os lados. Aos 15, o “ensaboado” Francisco Douglas, ou somente Douglas, que envergara a camisa número 18, colocou o time de Sorriso novamente à frente do placar.

Capitães do confronto em Campo Grande (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

O plantel e comissão técnica da AMF/Miranda não quiseram ir para o vestiário no intervalo da partida, para sentir o “calor” da torcida, que em nenhum momento deixou de infernizar (no bom sentido) e apoiar a equipe pantaneira.

E esse contato com os adeptos na pausa para o descanso deu certo. Atrás no marcador, a agremiação mirandense voltou “a todo vapor” para a etapa complementar do duelo. Logo no primeiro minuto, Kazão, com a camisa 2 e toda sua experiência, empatou o confronto e “botou fogo” na partida. Um minuto depois, Rodrigo Charles, o Binho, virou, vestindo a 5 e inflamou os torcedores no ginásio do Colégio ABC.

Aos 6 minutos, Adão Lopes fez questão de colocar “panos quentes” no jogo, ao empatar para os visitantes. Assim como na primeira etapa, do meio para o fim do duelo a disputa permaneceu equilibrada.

Balde de água fria

De novo ele, Kazão, posicionou a AMF/Miranda na dianteira do placar, aos 14 minutos. Tudo indicava que a equipe mirandense conseguiria atingir o objetivo estabelecido no início da partida: levar o embate para o período suplementar. Entretanto, esqueceram de avisar Francisco Silva, o Chiquinho, com a 20, de Sorriso, que igualou o marcador faltando sete segundos (mais precisamente aos 19 minutos e 53 segundos) para o final da partida. A equipe sorrisense, que visivelmente não queria levar o jogo para a prorrogação e ter de lidar com a pressão do ambiente inóspito proporcionado pela torcida adversária, apostou no goleiro-linha e foi feliz.

Time de Miranda aproveitou embalo da torcida a todo momento (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

Aprendizado e cabeça erguida

Em entrevista ao Esporte Ágil, o goleiro Marcos Henrique (Marcão), falou sobre o sentimento de sofrer um gol a poucos segundos do fim do duelo. “O sentimento é o pior que tem. Tomar um gol faltando sete segundos e não poder defender, ver tudo indo por água abaixo, é complicado. Foi falta de sorte mesmo, futsal também é detalhe. Só quem está em quadra sente. O sonho de cada um aqui era passar de fase e jogar contra o Corinthians ou Minas. O que fica é experiência para os garotos novos de Miranda, pegar uma boa bagagem”.

Segundo Marcão, a AMF/Miranda foi desfalcada para o jogo de ida, na capital mato-grossense. “Muitos trabalham, eu mesmo não pude ir. A metade do time não foi e isso pesou muito. Se todo o plantel tivessem ido, acho que seria outro resultado. É aprendizado, ficará marcado para o resto da vida, tomara que este ciclo da molecada de Miranda continue”.

AMF/Miranda já impõe respeito em MS (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

“Estou quase parando, estou com 37 anos e não sei como vai ser daqui para frente. Espero que esse grupo se mantenha, porque Mato Grosso do Sul já respeita nossa equipe. Hoje, esses jogadores podem dizer que já jogaram uma Copa do Brasil de Futsal e vão levar isso para o resto da vida”, desabafou o goleiro, que mora em Corumbá.

Para o técnico da AMF/Miranda, Kelvin Vandre, o futebol de salão é “parecido” com o xadrez, por exigir estratégias a todo momento. “O time de Sorriso é muito bem treinado, a gente deu uma estudada, vimos alguns jogos deles. Foi um jogo bem padronizado, eles estão de parabéns. Estou feliz, contente e parabenizo o Renan Fonseca e o Venâncio Silva, que já vêm com essa equipe há um bom tempo, conquistaram a vaga após vencer o Estadual 2018. Vim para somar e só tenho a agradecer”.

Juventude com “pitada” de experiência

O grupo de Sorriso é caracterizado por ter jogadores jovens, entre 17 e 18 anos de idade. O mais novo é Carlos Eduardo Gadelha, o Kadu, nascido no dia 30 de agosto de 2001. O segundo é o ala Douglas, autor de um dos gols do embate decisivo na capital sul-mato-grossense. Além do tento anotado, o atleta de 17 anos deu trabalho ao setor defensivo de Miranda.

Douglas afirma que a equipe não veio a Campo Grande com o pensamento de que o confronto estava decidido, após a goleada aplicada na ida. “A equipe deles é bastante qualificada, sabíamos do potencial. Apesar de ganharmos de 4 a 0 em Cuiabá, sabíamos que eles iriam reforçar o elenco para o jogo de volta. Nós trabalhamos forte. Passei por muitas coisas nessa vida e, hoje, com 17 anos estou realizando um sonho de jogar a Copa do Brasil”.

“Não queríamos levar para o tempo extra, acreditamos até o final. Trabalhamos bastante com goleiro-linha e, enquanto houver 99% de chance, sempre haverá 1% de esperança. Ficamos tranquilos para buscar o resultado até o último minuto, para sair com a classificação”, acrescentou o ala-esquerdo.

O técnico de Sorriso, Emanoel Emerson Oliveira, destaca que as dimensões e o conhecimento da quadra do Colégio ABC pela equipe adversária foram fatores que dificultaram o jogo. “Meu time gosta de jogar em quadras maiores, até pela composição física dos jogadores, que são mais leves e o jogo de contato, proporcionado por uma quadra menor, não é o ideal. Já tínhamos noção de que necessitaríamos de muito controle emocional para classificar, até o último momento da partida”.

ASF/Sorriso não se acomodou atrás no placar (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

Segundo Oliveira, o time sorrisense foi montado estrategicamente para jogar “em cima” do adversário até os últimos segundos. Ele também comentou, ao Esporte Ágil, a decisão de optar pelo goleiro-linha no final da partida. “Eu precisava de um gol só e cada gol meu, valia dois, porque eles tinham de virar a partida. Tive de ter tranquilidade. Queriam que eu colocasse o goleiro-linha faltando cinco minutos para o fim, mas eu decidi colocar faltando três, porque sabemos que nos minutos finais o comportamento dos atletas modifica, mentalmente são mais cobramos. Então, sabia que qualquer vacilo poderia nos dar a classificação. Jogávamos, naquela altura, por uma bola para empatar”.

Além dos já citados jovens atletas, alguns jogadores da ASF são veteranos, experientes, na casa dos 40 anos de idade. O fixo Antonio Maia, conhecido no meio esportivo como Piliu, de 41 anos e o goleiro Erico Jobson Macedo, o Bizinho, que completara recentemente quatro décadas de vida são os que possuem mais “bagagem” no plantel.

“Neste ano, estamos trabalhando a juventude aliada à experiência. Estou na transição entre jogador e supervisor da equipe (dirigente). Sempre busco passar o conhecimento que eu tenho a esses garotos. Já joguei em equipes de Santa Catarina, Paraná e até do exterior, quanto atuei na Croácia”, salienta Piliu.

Piliu ressalta que, no confronto de ida, a equipe buscou conhecer o adversário em um primeiro momento. “A gente não os conhecia. É difícil jogar contra alguém que não conhecemos. Estávamos preparados para ganhar em casa e buscar o resultado em Campo Grande depois. Trabalhamos com os pés no chão, viemos para cá com humildade e conseguimos a classificação, um empate com sabor de vitória”.

Sorriso mostrou entrosamento no duelo de volta da Copa do Brasil (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

“A gente fez um trabalho forte, visando que seria um jogo duro, truncado, mas as duas equipes procuraram jogar bola. Quem esteve no ginásio ou acompanhou a transmissão, viu que foi uma bela partida de futsal. Nosso trabalho de goleiro-linha, mais uma vez, funcionou e conseguimos a classificação à fase seguinte”, completou o jogador mais experiente da equipe.

Pedreira à vista

Após passar pela AMF/Miranda pelo grupo D da Copa do Brasil, na segunda fase do certame, a agremiação mato-grossense vai encarar, na próxima etapa, Minas Tênis Clube, de Minas Gerais ou o Sport Club Corinthians Paulista, de São Paulo, que duelam pelo Grupo C. No primeiro duelo, realizado na capital paulista, o Alvinegro venceu o time mineiro por 4 a 2. A partida de volta, em Belo Horizonte-MG, acontecerá no começo de julho.

De acordo com o técnico Emerson Oliveira, enfrentar Minas ou Corinthians é um sonho. “É um sonho nosso que se torna realidade. Sabemos que agora tudo se inverte, nós pegaremos um clube gigante, mas teremos grandes ambições. A cidade de Sorriso estará em festa. Já vamos dormir sonhando em pegar uma dessas duas grandes equipes”.

Oliveira afirma preferir enfrentar a equipe paulista, por questões de visibilidade a níve nacional. “Com todo respeito ao Minas, mas não podemos mentir. O Corinthians traz uma mídia muito maior. Sabemos o quanto a torcida deles é fanática, em qualquer esporte que disputam. A cidade está em polvorosa para que a gente consiga trazer eles para jogarem aqui. Sabemos que a dificuldade é muito maior, pela qualidade do clube, mas para a gente, midiaticamente, seria melhor”.

Equipe de MT viajará para Belo Horizonte ou São Paulo (Foto: Emerson Freitas/Esporte Ágil)

O comandante do time de Mato Grosso salienta que enfrentar uma agremiação de destaque nacional é uma oportunidade para os jovens atletas, que podem ser observados por possíveis “olheiros”. “Quem sabe um clube desses observe e se interesse por algum deles, para que tenham um futuro. Não podemos querer que esses meninos fiquem conosco para o resto da vida, que só mostrem seus talentos para nós e não alcancem voos mais altos. Se eu vejo um atleta meu chegando a um nível e clube mais alto, temos nossa parcela de contribuição e felicidade em saber que ajudamos esse atleta a se superar”.

Segundo o fixo Piliu, a Associação Sorriso Futsal colocará em prática tudo o que sabe na próxima fase da Copa do Brasil. “Trabalharemos para buscar o resultado e jamais nos entregaremos, como fizemos aqui em Campo Grande. Temos de jogar de maneira humilde, com os pés sempre no chão”.

“Jogador que fala que não sente frio na barriga, é mentira. Já joguei várias finais na minha vida, mas sempre há essa sensação. Os atletas mais jovens da nossa equipe sonham em enfrentar grandes equipes como o Corinthians e o Minas. Estamos nos preparando para encará-los e queremos levar o nome de Sorriso e Mato Grosso ao cenário nacional”, reforça o jogador.

Mais do que uma retranca frente ao Corinthians ou Minas Tênis Clube, o técnico Oliveira afirma ao Esporte Ágil que a equipe deve estar totalmente concentrada. “Temos de estar num dia maravilhoso, com o psicológico muito acima. Seria muito pretensioso da minha parte dizer que jogaremos de igual para igual, que vamos para vencer, mas vamos tentar bolar alguma estratégia para, pelo menos, tentar competir minimamente com eles e que possamos representar bem o estado de Mato Grosso”.

Apesar do discurso modesto, “pé no chão”, o treinador quer encarar o próximo adversário com condições de fazer um duelo exemplar e que orgulho a população mato-grossense. “Não queremos ir por ir, para virar alvo de chacota. Vamos nos preparar, com os pés no chão e psicologicamente forte, mais do que taticamente”.

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