Futebol | Lance | 03/01/2019 09h40

Do medo de se aposentar ao título: os bastidores da recuperação de Jean

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O campo-grandense Jean e sua esposa Mariana tiveram no começo do ano a conversa que todo jogador evita, sobre a hora de se aposentar. Cada vez mais incomodado por dores graças a um problema de cartilagem no joelho direito, o jogador de 32 anos já admitia ter de encurtar a carreira. Mas depois de um novo tratamento feito no Palmeiras, o camisa 17 conseguiu se recuperar a tempo de ter sua participação na conquista do título brasileiro e já olhar com ânimo para 2019.

- Chegamos a cogitar a possibilidade (de aposentar), mas eu acabei o ano com uma medalha no peito e grandes perspectivas para o ano que vem, podendo fazer uma pré-temporada completa, que este ano não pude fazer. Só fiz a intertemporada no Panamá. Sempre melhorando, sempre crescendo, o joelho cada vez melhor. E com fé em Deus, no ano que vem com o joelho zerado para poder voltar a atuar na forma que eu sei que eu posso - contou Jean, ao L!.

O problema já acompanhava o polivalente jogador há alguns anos, mas passou a gerar mais dores em 2017. O trabalho de fortalecimento no local e controle de cargas no dia a dia já não era mais suficiente para colocá-lo nas condições ideais. Foi então que o Núcleo de Saúde e Performance e ele decidiram por um procedimento mais invasivo, com cirurgia e até uso de células-tronco no joelho. Aliado a isso, o corpo do jogador foi "reestruturado".

- Era uma lesão de cartilagem, grave, e a medicina ainda não tem condições de fazer cartilagem. Então é um tecido que quando perde, não tem volta. O Jean desenvolveu uma lesão sem prognóstico, e não tinha muito o que fazer, além de trabalhar força e biomecânica. Tudo isso foi feito de forma muito intensa. Mas ele apresentava inflamações no joelho que atrapalhavam a manutenção da fisioterapia. Nestas inflamações preferimos um procedimento cirúrgico um pouco mais arriscado, vamos dizer, para conservar estruturas do joelho. Foi retirado um pedaço da patela para diminuir a área de impacto, com um trabalho complementar para potencializar o trabalho de biomecânica e força. É um atleta mais forte, mais magro e com uma sobrevida maior no esporte - explicou Gustavo Magliocca, coordenador médico do Palmeiras.

- Eu trabalho há 20 anos com fisioterapia e é um dos casos que me dão mais orgulho de ter trabalhado. Foi muito complexo, pensou-se, sim, em aposentadoria, ele não aguentava mais dor e não tínhamos mais o que vender de prognóstico. No Atlético-MG eu trabalhei na aposentadoria de um jogador famoso de 32 anos, que voltava da Europa, e com lesão semelhante. O Jean tenho muito orgulho, porque envolveu família no processo de reconstruir o jogador. O Thiago (Santi) foi muito feliz na questão de composição corporal, ele perdeu gordura, ganhou massa muscular e hoje é prazeroso ver um treinamento do Jean, as métricas de velocidade, melhores do que na melhor fase da carreira. É um caso que vai dar muito orgulho, que você vai contar para seu filho - acrescentou Jomar Ottoni, coordenador de fisioterapia.

A partir do momento em que iniciou a recuperação do procedimento cirúrgico, Jean ao mesmo tempo começou a reeducação alimentar e uma nova rotina de trabalho. O jogador chega algumas horas antes à Academia de Futebol para fazer atividades físicas no Centro de Excelência.

- O Jean entendeu bem a necessidade de ter um corpo ainda mais atlético, ter uma alimentação melhor, ser ainda mais forte para absorver impacto. Hoje ele está em sua melhor forma, é o que o deixou apto a jogar. Fora a cirurgia, que foi um sucesso, o método utilizado, mas o entendimento dele de ser mais forte, de fazer o fortalecimento mais cedo na preparação física e fisioterapia, é o que dá o sustento para ele - acrescentou Thiago Santi, coordenador de fisiologia.

Por sua polivalência, Jean foi usado frequentemente por Felipão na campanha do título brasileiro: foram 18 partidas disputadas. Seu contrato com o Palmeiras é válido até o fim de 2019.

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