Futebol | Globo Esporte | 19/07/2017 09h39

Atacante sul-mato-grossense chora em volta ao Coritiba

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O atacante douradense Keirrison está de volta ao Coritiba para a sua terceira passagem pelo clube. Revelado nas categorias de base, em 2006, chegou a ser apontado como promessa do futebol brasileiro. Jogou no Palmeiras, foi contratado pelo Barcelona, vestiu as camisas de Benfica, Fiorentina, Santos e Cruzeiro. Voltou ao Coxa, depois se transferiu para o Londrina e seu último clube foi o Arouca, de Portugal.

Entre as passagens, conviveu com lesões sérias, impedindo com que o jogador despontasse no futebol. Além do futebol, Keirrison viveu um drama pessoal com a morte do filho de dois anos, Henri Lucca, em 2015, após complicações de uma virose. Na semana passada, voltou ao clube de origem. Na negociação, retirou a ação trabalhista que movia contra o Coxa, com valor de R$ 3,6 milhões referentes a salários atrasados entre 2012-2015.

– Foi um pouco rápido, mas uma volta bem tranquila. Tive uma conversa com o presidente e o Pedroso bem sincera, e coloquei os meus pontos. Nós chegamos às lágrimas juntos porque existia uma sinceridade da minha parte de voltar. O Coritiba fez tudo por mim. Eu comecei aqui. Hoje o que a minha família tem é por causa do Coritiba. Era um dos sonhos voltar e poder dentro de campo ajudar os meus companheiros pelo que eles fizeram por mim. Agradeço demais por isso e quero retribuir em campo, fazendo o meu melhor. Vou me preparar muito bem para que eu possa fazer grandes coisas aqui dentro.

Em entrevista exclusiva à RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná, "K9" passou a carreira a limpo. Detalhou a reunião que definiu sua volta ao clube, a vontade de voltar a vestir a camisa alviverde e declarou seu amor pelo Coritiba, onde já anotou 72 gols em 169 jogos. O momento mais difícil do papo com o atacante foi quando lembrou da perda do filho e o consolo recebido dos jogadores do Coxa.

– Acho que é uma das mais difíceis do ser humano. Tenho imagem até hoje, do momento mais difícil da minha vida, quando enterrei meu filho, o elenco todo foi lá. Não consegui falar com todos, mas essa imagem não sai da minha cabeça. Esse foi um dos motivos para eu voltar, para agradecer a cada um. Eles foram importantes, me deram força.

– É difícil falar às vezes. Eu recebi mensagens de várias pessoas que torcem por mim, que tem filhos, e sabem que é difícil. Deus e essas pessoas têm me ajudado. É uma forma de agradecer a torcida do Coritiba, eles continuam mandando mensagens de apoio. Eu queria estar junto com eles. Vou fazer o meu máximo para agradecer, trabalhando e reencontrar os meus amigos de volta. As atitudes são o que valem.

Aos 28 anos e, segundo ele, vivendo seu melhor momento, Keirrison também refutou o rótulo de "promessa que não deu certo". Depois de ajudar o Coxa a conseguir o acesso na Série B, em 2007, e fechou a temporada seguinte como maior artilheiro do país, marcando 41 gols. O desempenho levou o jogador ao Palmeiras, em 2009, e, em seguida, ao Barcelona. Sem atuar no time espanhol, foi para o Benfica e depois para a Fiorentina, voltou ao Brasil e atuou no Santos e no Cruzeiro, sem grande destaque.

– Não concordo, mas respeito as opiniões. Tem gente que acha que tem que ouvir só elogios. Não concordo porque já fiz dentro de campo, os meus números comprovam isso. Questão de promessa, creio que já passei por isso muito cedo. Conseguimos o título do Brasileiro em 2007, sendo um dos artilheiros. Ali não existia mais promessa. Hoje, por estar mais maduro, você consegue compreender, então eu tento respeitar.

Leia abaixo outros trechos da entrevista:

Objetivos

– Tenho uma vontade enorme de buscar. Acho que estou no meu melhor momento, em questões pessoais e em todos os aspectos. O mais importante é ver a minha família feliz. Eles sabem o quanto eu amo esse clube. Em campo tenho como alcançar aquilo que eu jamais vi. Vou trabalhar muito.

Saída do Coxa

– Tive problemas com pessoas aqui no clube, por maneiras de não cumprir. Eu, como trabalhador, tinha direito, fiquei um longo tempo em silêncio tentando resolver. Naquele momento vi que não teria solução, e queria mostrar à torcida o que estava havendo, o torcedor tem o direito de saber, ele paga o ingresso. Mas era algo que sempre me incomodou. A instituição não tinha nada a ver com isso. E eu amo tanto esse clube... então quando sentei com o presidente e o Pedroso eu queria resolver essa situação. O Coritiba precisava de mim também. De forma alguma ia deixar para trás, queria ajuda. Eles foram sinceros comigo, e eu optei por ajudar o clube mais uma vez e demonstrar esse carinho.

Keirrison hoje

– O passado é bacana porque tem momentos bons e difíceis, mas acho que com 28 anos eu sinto uma idade muito boa. Passei por tudo que eu possa imaginar, dentro e fora de campo, mas aprendi muito nas vitórias e nas derrotas. Vou passar por uma preparação muito boa e vamos buscar o melhor do Keirrison, é o que eu quero e busco. Creio que vai ser um novo (Keirrison). Não conhecemos ainda, e quero colocar tudo isso dentro de campo.

Cirurgias

– No joelho foram três de LCA (ligamento cruzado anterior, no joelho), as outras foram de revisão. Agradeço a Deus porque Ele colocou pessoas importantes na minha vida para que me ajudassem. Hoje me sinto curado e feliz, e pelo que meu corpo responder o que eu penso.

Reunião do acerto

– Na segunda-feira eu não consegui dormir, foi uma noite bem difícil, somente vinha o Coritiba dentro de mim. Na terça eu falei com meus amigos, e coincidentemente o Pedroso me ligou. Então coincidiu de eu contar a ele o que eu estava sentindo, essa vontade de voltar. Eu desabafei, falei que queria voltar, e que nós tínhamos que resolver a situação. Pude ver sinceridade neles. Deus fez isso e preparou tudo.

Terceira passagem e sem apresentação

– Eu sempre fui bem discreto e pra mim está sendo ótimo, não quero aparecer, o Coritiba é o mais importante. Fico feliz em fazer parte de um grupo tão bom. Conheço alguns, outros estou revendo.

Carreira e perspectivas

– Eu quero realmente desfrutar de cada dia. Desde que surgiu a situação de retornar eu estou aproveitando cada momento. Pareço um menino, quando eu morava aqui embaixo da arquibancada, subia e via que o jogo ia começar, já tinha o sonho de ser profissional. Com menos de 17 anos já estava fazendo gols. Eu volto com essa sensação.

Coritiba

– O Coritiba pra mim é tudo. Em casa tenho muita coisa do Coxa, então tenho vontade de fazer uma coisa nova, que as pessoas não viram e nem eu mesmo, mas por gratidão do que o Coritiba fez por mim.

Recado à torcida

– Aquilo que eles sempre viram em mim quando entrava em campo, mesmo quando as coisas não aconteciam, viam que sempre me dediquei. O Coritiba representa tanta coisa... Vou fazer o meu melhor, mesmo muitas vezes não atuando. Lógico que todo mundo quer jogar, mas sempre tive respeito. Vou fazer parte de uma equipe para ajudar e esperar, o Pacheco me conhece desde a base. Vou esperar o meu momento e quero fazer grandes coisas pelo Coritiba.

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