Diversos | (Com informações da APn) | 03/01/2005 17h06

Atividade física exige cuidados, alerta Ministério da Saúde

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Colocar um tênis e ir praticar exercícios. Aparentemente não há nenhum problema nisso, mas na verdade não é bem assim. Antes de suar a camisa, é preciso alguns cuidados. Um dos mais importantes é procurar um médico para uma avaliação do condicionamento físico. Isso porque, embora os benefícios da prática de exercícios sejam inúmeros, iniciar uma atividade sem qualquer orientação pode ocasionar graves problemas de saúde e até a morte. No entanto, os riscos não devem servir de desculpa para justificar o sedentarismo. Com uma simples avaliação, pode-se descobrir o esporte e a intensidade de exercícios indicados para cada pessoa.

Na busca de oferecer à população acesso à orientação profissional e atendimento sobre atividade física, o Ministério da Saúde discute a criação de núcleos de saúde integral. O objetivo é promover ações conjuntas com as equipes de atenção básica à saúde no desenvolvimento de atividades físicas e exercícios corporais para melhorar a qualidade de vida da população. Os núcleos também irão trabalhar nas áreas de saúde mental e de reabilitação e na promoção de práticas alimentares saudáveis.

A assessora-técnica da Coordenação da Política Nacional de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Adriana Castro, explica que os problemas relacionados às atividades físicas são causados, principalmente, pelo excesso. Segundo ela, uma pessoa sedentária não deveria, de início, começar a correr ou a fazer qualquer exercício de maior impacto. É que essas atividades exigem preparação, treinamento e determinada condição física.

A decisão de praticar exercícios pode ser tomada em qualquer momento da vida. A questão é como a pessoa irá executar esse plano. Primeiro, deve-se estabelecer um objetivo e, então, buscar, por meio de orientação profissional, o exercício adequado para alcançá-lo. "O exercício deve proporcionar, acima de tudo, prazer e estar de acordo com a orientação profissional", observa Adriana Castro. O segundo passo é procurar um médico para avaliação. Em alguns casos, os profissionais de saúde solicitam inclusive a realização de exames para avaliar o sistema cárdio-respiratório.

Se a atividade física for praticada por conta própria, o exercício mais adequado é a caminhada, pois não gera grande impacto nas articulações. Entre os seus benefícios, destacam-se a diminuição do colesterol e da taxa de glicose e o aumento da disposição física e intelectual.

Se o exercício escolhido for a corrida, é preciso fazer uma avaliação com profissional para definir a pisada ideal, o ritmo e o tipo de tênis adequado para não gerar impacto nas articulações. Caso a opção seja pela musculação em uma academia, indica-se o acompanhamento de um profissional para que não se tenha problemas de coluna nem musculares causados por uso inadequado dos aparelhos ou excesso de carga.

A prática de exercícios, conforme sua intensidade, provoca o aumento do ritmo dos batimentos cardíacos e do volume respiratório exigido pelo organismo. "Esse aumento é esperado, mas quando passa do máximo estipulado de acordo com a idade e condicionamento físico é um sinal de que a pessoa está se exercitando além de sua capacidade", ressalta Adriana Castro. "Quando isso ocorre, há risco de aumento da pressão e de problemas cardiovasculares por excesso de esforço", acrescenta.

Algumas manifestações do corpo, como rosto muito vermelho durante a atividade e dores musculares, de coluna e nos joelhos, podem ser um sinal de esforço inadequado. Nesses casos, há o risco de problemas de coluna e de lesões de menisco - tendão que sustenta a articulação do joelho.


Verão - Uma das principais preocupações do Ministério da Saúde em relação à prática de exercícios no verão é com os adolescentes. Isso porque eles buscam a perfeição física, em pouco tempo, para essa época do ano. Para isso, cometem exageros prejudiciais à saúde, como o excesso de exercícios e o uso de suplementos, anabolizantes e hormônios para animais.

Outro alvo de preocupação do ministério são os idosos, mais expostos à desidratação no verão. Nessa época do ano, é fundamental uma hidratação adequada e a prática de atividades físicas nos horários em que o sol está mais fraco. Também é importante não esquecer de usar roupas leves e filtro solar ao se exercitar ao ar livre.

Adriana Castro destaca a importância de uma boa ventilação nos locais fechados reservados para a prática de exercícios. "O local não pode ser abafado, principalmente no verão, época do ano em que a temperatura do corpo já se eleva mais rapidamente", ressalta. Acima de tudo, no verão é preciso ficar atento aos limites de cansaço do próprio corpo, às dores e principalmente a uma alimentação equilibrada, com muitas frutas, para garantir a hidratação.


Sedentarismo contribui para obesidade

Como em qualquer atividade, na prática de exercícios o equilíbrio é fundamental. Se os excessos trazem riscos à saúde, a falta de atividade física também é prejudicial. O sedentarismo pode contribuir para o aparecimento de doenças como a obesidade, considerada um importante problema de saúde pública no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 115 milhões de pessoas sofram de problemas relacionados com a obesidade nos países em desenvolvimento.

No Brasil, levantamentos realizados desde a década de 1970 mostram que, seguindo a tendência mundial, a prevalência de sobrepeso e obesidade está aumentando. Pesquisa realizada em 2003 pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) nas capitais do País mostra prevalências de excesso de peso (sobrepeso e obesidade) ligeiramente maiores no Sul e Sudeste. De acordo com o estudo, o maior índice de obesidade está no Rio de Janeiro (RJ), com 12,9%, enquanto os menores estão em Aracaju (SE) e Vitória (ES), com 8,1% e 8,2%, respectivamente. A prevalência de sobrepeso nas capitais variou de 23%, em Natal (RN), a 33,5%, no Rio de Janeiro.

Em relação à faixa etária, todas as capitais apresentaram o mesmo comportamento quanto à prevalência de excesso de peso. O estudo mostrou que os brasileiros maiores de 50 anos são os mais atingidos por esse problema. Apenas quatro cidades tiveram prevalências inferiores a 50% nessa faixa etária: Belém (47,6%), Natal (47%), João Pessoa (49,5%) e Vitória (46%). Em São Paulo e Florianópolis, a prevalência de excesso de peso após os 50 chegou aos 60%.

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