Lateral Cafu desabafa, se diz marginalizado e pede justiça
São Paulo (SP) - Apesar de ter concordado que o time de Carlos Alberto Parreira não conseguiu jogar como nos fantasiosos comerciais de televisão, o capitão da seleção brasileira manteve a postura que marcou toda sua carreira no desabafo que fez nesta terça-feira, no Jardim Irene, bairro pobre da Zona Sul de São Paulo, onde passou a infância.
Um dos jogadores mais criticados após a desclassificação diante da França, o lateral-direito, de 36 anos, agiu exatamente como nos tempos de adolescente, quando foi reprovado em oito peneiras antes de ser aceito no São Paulo Futebol Clube.
"Depois desta semana de chumbo, consegui sobreviver. Apesar de muitos estarem querendo que eu pare de jogar futebol, vou continuar à disposição da seleção brasileira. Não vai ser o primeiro obstáculo que vai me fazer desistir", disse Cafu, que deixou a decisão nas mãos do próximo treinador escolhido pela CBF.
Um dos pontos principais abordados pelo jogador do Milan foi a forma como estão sendo tratados os jogadores mais experientes da seleção brasileira, quinta colocada na Copa do Mundo. Ele lamentou ainda que tenham escolhido "os dois laterais para serem crucificados" em um grupo de 23 atletas.
"Eu gostaria que o povo parasse de me olhar como um marginal nas ruas só porque perdemos. A imagem que vai ficar é a do Cafu levantando a taça em 2002 e não esta de perdedor que estão querendo vender. Foi um acidente, mas eu consegui mais vitórias do que derrotas na seleção", completou.
Diante de microfones instalados em uma sala de aula da Fundação Cafu, entidade assistencial criada pelo jogador, o veterano lembrou que as derrotas do Brasil sempre precisam de bodes expiatórios. "Independente de eu voltar a ser convocado ou não, acho que a seleção precisa de jogadores experientes, que segurem a bronca. Quando a derrota vem sempre falam em renovação. Porém, não dá para vencer só com jogadores de 16 anos", completou.
Cafu também defendeu Roberto Carlos no polêmico lance do gol de Henry. "O tal sinal de segurar a meia não existe. Porém, havia a orientação para ficarmos em linha fora da área. Como o Zidane cobrou rápido, alguns jogadores deram condição aos jogadores da França", concluiu.
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