Copa do Mundo | UOL | 03/09/2007 13h34

Capacidade de esconder erros marca cidades candidatas

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São Paulo (SP) - Durante a visita da comitiva da Fifa ao Brasil na semana passada, 18 cidades apresentaram candidatura à sede da possível Copa do Mundo de 2014 no país (13 mostraram um vídeo no Rio de Janeiro e outras cinco foram vistoriadas in loco). Independentemente das diferenças, todas mostraram uma característica em comum: enorme habilidade em esconder os seus problemas estruturais.

Maior cidade do país, São Paulo foi a "campeã". Com mais organização, criou um itinerário que evitou colocar os inspetores em meio ao caótico trânsito. E mais: mostrou um vídeo institucional exaltando sua capacidade econômica e estrutural. No meio da apresentação, porém, uma frase chamou a atenção: "São Paulo, uma cidade saudável para viver" - tem os maiores índices de poluição.

Ao término da demonstração da capital paulista, dois inspetores da Fifa tiveram reações positivas. O mexicano Jaime Byrom e o português Jorge Batista trocaram gestos de satisfação, o que raramente aconteceu durante a visita. Isso porque eles estavam proibidos de passar qualquer impressão à imprensa ou aos envolvidos.

A cidade de São Paulo não foi a única a conseguir esconder seus problemas estruturais com maestria. As capitais nordestinas que apresentaram seus projetos no Rio de Janeiro, por exemplo, também evitaram falar dos problemas com a pobreza e valorizaram o forte turismo da região.

Como todas as cidades candidatas tinham um enorme staff de políticos envolvidos, a capacidade de promessa das postulantes à sede aumentou consideravelmente. Sempre que questionados sobre quais os empecilhos do local em relação à Copa do Mundo, um governador, um deputado, um vereador respondia com discursos tradicionais de campanhas eleitorais e apontando o que está sendo feito no local.

"A comitiva da Fifa deve ter ouvido de todas as cidades que apresentaram até aqui os seus projetos os possíveis investimentos, o que eles pretendem fazer. Mas aqui em Brasília já estamos fazendo. E agora com essa lei que despachei já estamos pensando em preparar a criança de agora, que será adolescente em 2014, para ser voluntária", discursou o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

A realidade das cidades, porém, é outra. A maioria delas tem obras estruturais enormes para realizar assim que a Copa do Mundo for confirmada no Brasil (a decisão da Fifa ocorre no dia 30 de outubro, na Suíça). Nenhum estádio está totalmente pronto. Todos, sem exceção, precisarão de ajustes.

E o mais curioso: dos projetos apresentados, há uma diferença muito grande de valores a serem investidos nos estádios quando o dinheiro é privado e quando é público. Florianópolis, por exemplo, tem uma estimativa de R$ 150 milhões para o novo Orlando Scarpelli, só com iniciativa privada. Já a revitalização do Vivaldão, em Manaus, que será bancada pelo governo, tem orçamento de R$ 400 milhões.

As candidatas à sede da possível Copa do Mundo de 2014 no Brasil foram: Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Rio Branco, Florianópolis, Curitiba, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Maceió, Natal, Salvador, Recife/Olinda e Fortaleza.

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