Copa do Mundo | UOL | 03/03/2006 11h06
Brasil encerra testes sem colocar quarteto titular à prova
Assim como em outras Copas nas quais esbanjava poderio ofensivo, a seleção brasileira confia a conquista de um novo título mundial a uma formação tática forjada para usar todos os craques que dispõe. O problema é que, como nos casos anteriores, as estrelas praticamente não jogaram juntas antes da competição.
Candidato a ingressar no rol de \\\"mitos táticos\\\" da seleção brasileira, como o Brasil \\\"sem pontas\\\" de Telê Santana nas Copas de 1982 e 1986 e o \\\"número um\\\" de Zagallo em 1998, o desenho do quarteto ofensivo escolhido por Carlos Alberto Parreira como modelo para encaixar no mesmo time Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo teve todos seus titulares na mesma partida uma única vez. O que, por ora, não preocupa a comissão técnica.
Segundo o coordenador-técnico Mario Jorge Lobo Zagallo, a idéia do quarteto não era simplesmente \\\"botar todos os craques juntos\\\". \\\"Vínhamos conquistando resultados, mas não estávamos convencendo. O esquema levantou a seleção\\\", afirmou o Velho Lobo, lembrando a primeira escalação do ataque na formação - Robinho, Ricardo Oliveira, Ronaldinho Gaúcho e Juninho Pernambucano, na goleada em janeiro de 2005 contra Hong Kong. \\\"O Ronaldo e o Adriano nem estavam\\\", completou Zagallo na volta ao Brasil após a vitória por 1 a 0 sobre a Rússia, em amistoso disputado em Moscou.
Na derradeira rodada das eliminatórias, quando o Brasil já estava classificado, Parreira finalmente pôde ver juntos, em ação, os jogadores que o levaram a abandonar o 4-3-1-2 com o \\\"número um\\\". O adversário, no entanto, foi a Venezuela, batida por 3 a 0 e tradicional saco de pancadas do continente.
Nas partidas anteriores e na única posterior a esse duelo - a vitória de quarta-feira contra a Rússia -, um dos titulares sempre esteve ausente, fosse por lesão, suspensão ou até mesmo férias, como as que Ronaldo recebeu durante a disputa da Copa das Confederações de 2005.
O torneio marcou, inclusive, o melhor momento da tática do quarteto. Com Robinho, jogador leve e habilidoso, no lugar do \\\"Fenômeno\\\", que alia poder de finalização com força física e velocidade, o Brasil bateu a Alemanha e Argentina na semifinal e final, respectivamente.
Na ocasião, coube a Adriano, cujo desempenho na Copa América de 2004 colaborou para Parreira aderir ao novo desenho do time, o papel de principal finalizador da equipe. Com o quarteto titular, tal função caberia a Ronaldo.
Zagallo não vê importância na diferença das características dos jogadores com os quais a seleção teve o melhor desempenho com o quarteto em relação ao estilo dos titulares do esquema. \\\"Se você perde com uma coisa, ganha com outra\\\", avaliou.
Outro ponto alto do desempenho da formação, a classificação para a Copa do Mundo, também veio com desfalque. Na vitória por 5 a 0 contra o Chile, em Brasília, a suspensão de Ronaldinho Gaúcho pôs Robinho para atuar novamente, mas desta vez mais recuado, ao lado de Kaká, enquanto Ronaldo e Adriano comandavam o ataque.
\\\"Não importa quem entra (no time) ou qual a escalação. A formação tática teve sucesso nas eliminatórias e na Copa das Confederações, isso é o mais importante\\\", minimizou o Velho Lobo.
Contra a Rússia, quando Ronaldinho novamente esteve ausente por contusão, o escolhido como titular foi Ricardinho. No segundo tempo, Parreira sacou o meia do Corinthians, pôs Edmílson em campo e adiantou Zé Roberto. \\\"Já observei o Robinho nesse papel, sei como ele se comporta\\\", explicou o treinador sobre o porquê de ter preterido o driblador.
\\\"Existe também a questão da qualidade e inteligência desses jogadores, que são capazes de se adaptarem com facilidade\\\", frisou Zagallo. No entanto, uma das gerações mais talentosas do país após a \\\"era Pelé\\\" apostou (e perdeu) uma Copa na mesma crença do Velho Lobo.
O quadrado do meio-campo da seleção brasileira de 1982 formado por Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico virou símbolo de uma equipe tida como uma das mais talentosas da história. Mas, ainda assim, entrou em campo apenas por três vezes. Todas elas na Copa do Mundo na Espanha.
Durante o período de preparação, quando colheu vitórias fora de casa contra as principais forças européias - Inglaterra, França e a então Alemanha Ocidental -, Telê Santana montava a equipe sem Falcão e com Paulo Isidoro, Renato ou Batista em seu lugar. Em entrevista recente ao canal \\\"Sportv\\\", Zico frisou que, apesar de talentoso, o quadrado ideal de Telê não teve oportunidade de se entrosar, principalmente no que se referia à marcação.
Em 1998, Zagallo também variou consideravelmente sua opção sobre o \\\"um\\\". Passou por Juninho Paulista, Giovanni, Rivaldo e, no dia da convocação para a Copa, voltou para Giovanni, chegando a confirmar o jogador, que não era convocado há algum tempo, como titular na estréia contra a Escócia. Acabou substituindo o meia, então no Barcelona, no intervalo do jogo, colocando Leonardo, que havia migrado para o meio há anos, mas na seleção seguia preferencialmente como lateral, para a função.
\\\"O Giovanni não começou bem e optei pelo Leonardo. Ele já não era mais lateral faz tempo. Fez uma grande Copa. Não é à toa que chegamos à final\\\", lembrou o Velho Lobo.
Não ter disputado as eliminatórias, à época desnecessária para o campeão mundial, foi levantada como uma das possibilidades dos problemas de padrão tático do time de 1998. Para 2006, Parreira admitiu que a mudança no regulamento foi benéfico para a formação da equipe.
\\\"Sou contra o campeão jogar as eliminatórias, mas sem ela teríamos muita dificuldade em montar a equipe\\\", afirmou Parreira. \\\"No começo do trabalho, previa mais dificuldades, principalmente em relação à motivação de um grupo com jogadores consagrados. Ter um foco ajudou nisso\\\", completou o técnico.
Agora, o foco é a Copa do Mundo. A lista definitiva sai em 15 de maio. A partir do dia 22, a seleção treina em Weggis, na Suíça. No dia 4 de junho, embarca para a Alemanha, onde encabeça o grupo F. No dia 13, estréia contra a Croácia, em Berlim.
Candidato a ingressar no rol de \\\"mitos táticos\\\" da seleção brasileira, como o Brasil \\\"sem pontas\\\" de Telê Santana nas Copas de 1982 e 1986 e o \\\"número um\\\" de Zagallo em 1998, o desenho do quarteto ofensivo escolhido por Carlos Alberto Parreira como modelo para encaixar no mesmo time Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo teve todos seus titulares na mesma partida uma única vez. O que, por ora, não preocupa a comissão técnica.
Segundo o coordenador-técnico Mario Jorge Lobo Zagallo, a idéia do quarteto não era simplesmente \\\"botar todos os craques juntos\\\". \\\"Vínhamos conquistando resultados, mas não estávamos convencendo. O esquema levantou a seleção\\\", afirmou o Velho Lobo, lembrando a primeira escalação do ataque na formação - Robinho, Ricardo Oliveira, Ronaldinho Gaúcho e Juninho Pernambucano, na goleada em janeiro de 2005 contra Hong Kong. \\\"O Ronaldo e o Adriano nem estavam\\\", completou Zagallo na volta ao Brasil após a vitória por 1 a 0 sobre a Rússia, em amistoso disputado em Moscou.
Na derradeira rodada das eliminatórias, quando o Brasil já estava classificado, Parreira finalmente pôde ver juntos, em ação, os jogadores que o levaram a abandonar o 4-3-1-2 com o \\\"número um\\\". O adversário, no entanto, foi a Venezuela, batida por 3 a 0 e tradicional saco de pancadas do continente.
Nas partidas anteriores e na única posterior a esse duelo - a vitória de quarta-feira contra a Rússia -, um dos titulares sempre esteve ausente, fosse por lesão, suspensão ou até mesmo férias, como as que Ronaldo recebeu durante a disputa da Copa das Confederações de 2005.
O torneio marcou, inclusive, o melhor momento da tática do quarteto. Com Robinho, jogador leve e habilidoso, no lugar do \\\"Fenômeno\\\", que alia poder de finalização com força física e velocidade, o Brasil bateu a Alemanha e Argentina na semifinal e final, respectivamente.
Na ocasião, coube a Adriano, cujo desempenho na Copa América de 2004 colaborou para Parreira aderir ao novo desenho do time, o papel de principal finalizador da equipe. Com o quarteto titular, tal função caberia a Ronaldo.
Zagallo não vê importância na diferença das características dos jogadores com os quais a seleção teve o melhor desempenho com o quarteto em relação ao estilo dos titulares do esquema. \\\"Se você perde com uma coisa, ganha com outra\\\", avaliou.
Outro ponto alto do desempenho da formação, a classificação para a Copa do Mundo, também veio com desfalque. Na vitória por 5 a 0 contra o Chile, em Brasília, a suspensão de Ronaldinho Gaúcho pôs Robinho para atuar novamente, mas desta vez mais recuado, ao lado de Kaká, enquanto Ronaldo e Adriano comandavam o ataque.
\\\"Não importa quem entra (no time) ou qual a escalação. A formação tática teve sucesso nas eliminatórias e na Copa das Confederações, isso é o mais importante\\\", minimizou o Velho Lobo.
Contra a Rússia, quando Ronaldinho novamente esteve ausente por contusão, o escolhido como titular foi Ricardinho. No segundo tempo, Parreira sacou o meia do Corinthians, pôs Edmílson em campo e adiantou Zé Roberto. \\\"Já observei o Robinho nesse papel, sei como ele se comporta\\\", explicou o treinador sobre o porquê de ter preterido o driblador.
\\\"Existe também a questão da qualidade e inteligência desses jogadores, que são capazes de se adaptarem com facilidade\\\", frisou Zagallo. No entanto, uma das gerações mais talentosas do país após a \\\"era Pelé\\\" apostou (e perdeu) uma Copa na mesma crença do Velho Lobo.
O quadrado do meio-campo da seleção brasileira de 1982 formado por Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico virou símbolo de uma equipe tida como uma das mais talentosas da história. Mas, ainda assim, entrou em campo apenas por três vezes. Todas elas na Copa do Mundo na Espanha.
Durante o período de preparação, quando colheu vitórias fora de casa contra as principais forças européias - Inglaterra, França e a então Alemanha Ocidental -, Telê Santana montava a equipe sem Falcão e com Paulo Isidoro, Renato ou Batista em seu lugar. Em entrevista recente ao canal \\\"Sportv\\\", Zico frisou que, apesar de talentoso, o quadrado ideal de Telê não teve oportunidade de se entrosar, principalmente no que se referia à marcação.
Em 1998, Zagallo também variou consideravelmente sua opção sobre o \\\"um\\\". Passou por Juninho Paulista, Giovanni, Rivaldo e, no dia da convocação para a Copa, voltou para Giovanni, chegando a confirmar o jogador, que não era convocado há algum tempo, como titular na estréia contra a Escócia. Acabou substituindo o meia, então no Barcelona, no intervalo do jogo, colocando Leonardo, que havia migrado para o meio há anos, mas na seleção seguia preferencialmente como lateral, para a função.
\\\"O Giovanni não começou bem e optei pelo Leonardo. Ele já não era mais lateral faz tempo. Fez uma grande Copa. Não é à toa que chegamos à final\\\", lembrou o Velho Lobo.
Não ter disputado as eliminatórias, à época desnecessária para o campeão mundial, foi levantada como uma das possibilidades dos problemas de padrão tático do time de 1998. Para 2006, Parreira admitiu que a mudança no regulamento foi benéfico para a formação da equipe.
\\\"Sou contra o campeão jogar as eliminatórias, mas sem ela teríamos muita dificuldade em montar a equipe\\\", afirmou Parreira. \\\"No começo do trabalho, previa mais dificuldades, principalmente em relação à motivação de um grupo com jogadores consagrados. Ter um foco ajudou nisso\\\", completou o técnico.
Agora, o foco é a Copa do Mundo. A lista definitiva sai em 15 de maio. A partir do dia 22, a seleção treina em Weggis, na Suíça. No dia 4 de junho, embarca para a Alemanha, onde encabeça o grupo F. No dia 13, estréia contra a Croácia, em Berlim.
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