Bate-Bola | Rosália Silva | 26/01/2005 22h00

João Rocha fala sobre os projetos da Fundação de Esporte

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Bate-Bola com João Rocha, 47 anos,

João Batista da Rocha, 47 anos, assumiu neste ano a primeira Fundação de Esporte de Campo Grande. Desmembrada, a antiga Funcesp deu origem às fundações de Cultura e de Esporte. Ocupando ainda o prédio da Barão do Rio Branco, próximo à Estação Rodoviária, os funcionários aguardam que seja estabelecido um novo local para a Funesp, o que segundo João Rocha deve acontecer antes do Carnaval.

Ex-judoca, o professor de Educação Física já foi presidente da Fundesporte (Fundação de Esporte do Estado), passou por dois mandatos a frente da FJMS (Federação de Judô de MS) e no trabalho de técnico revelou atletas para competições nacionais e internacionais. Na Seleção Brasileira de Judô, além de ter sido técnico, foi membro técnico na Olimpíada de Barcelona. Hoje é conselheiro do CREF (Conselho Regional de Educação Física), coordenador técnico nacional da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) e responsável técnico da CBJ junto ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Todos os sete irmãos de João Rocha foram judocas, chegando à faixa preta. Três deles hoje são profissionais de educação física. E o filho conquistou o título de campeão sul-americano. Como atleta, o dirigente também galgou postos, com destaque nacional.

João Rocha explica ainda que em seu lugar na Federação de Judô, ficou Leonildo de Pierre. E que em abril haverá eleições para quatro anos de mandato de uma nova diretoria.

 

Esporte Ágil - Quais são os projetos para esses quatro anos de mandato, na área esportiva?
João Rocha - Nós primeiro definimos as linhas de atuação, contemplando a sociedade como um todo. Entre essas linhas ficaram definidos o esporte de rendimento, o esporte educacional e o esporte comunitário. Em que vamos estar dando atenção através do esporte comunitário à sociedade em geral, incluindo os que são considerados humildes, que têm maiores necessidades, os portadores de deficiência, os idosos. O esporte de rendimento que vai visar resultados, a competição voltada para os atletas, os clubes e as federações. E o esporte educacional que vai estar voltado para as escolas e universidades. Evidentemente estaremos desenvolvendo vários projetos dentro dessas linhas e estaremos contemplando todos os segmentos, através desses projetos direcionados. Nós separamos em três linhas de atuação, mas elas vão estar sempre interligadas. Naturalmente, um projeto vai estar sendo desenvolvido em qualquer uma delas e poderá estar fazendo ponte de transição para a outra área.

Esporte Ágil - E os projetos que vinham sendo desenvolvidos pela Funcesp como o Água Neles, Pro-Basquetebol e outros, vão continuar?
João Rocha - Estamos avaliando todos os projetos e eles serão, na medida que formos entendendo de significâncias, enquadrados dentro dessa formatação que nós estabelecemos. Praticamente todos serão entendidos com uma nova roupagem e as adaptações que forem necessárias.

Esporte Ágil - Tem algum projeto novo ou um novo festival que já esteja sendo discutido dentro da Funesp?
João Rocha - Na realidade, no esporte de rendimento, estabelecemos três fases: projeto Geração de Campeões, culminando no Sonho Olímpico. Vamos dar uma seqüência. Esse projeto embrião vai contemplar todos os atletas de baixa idade que se revelarem nos eventos promovidos pela Fundação e pelas federações, conseqüentemente. E na seqüência, esses atletas do projeto embrião, que realmente se dedicarem e tiverem talento, a partir de uma segunda faixa etária, vão ser levados a esse projeto de Geração de Campeões.  Daí vamos dar uma seqüência de trabalhos para aqueles que se destacarem no Geração de Campeões e que tiverem a faixa etária adequada. Eles vão ser treinados para o Sonho Olímpico. O Sonho Olímpico é mais alto nível do trabalho que vamos realizar.

Esporte Ágil - Dentro deste projeto tem algum plano de construção de estrutura, como um ginásio municipal, por exemplo?
João Rocha - Estamos pensando inclusive, na construção do Centro Olímpico. Nós estamos trabalhando na elaboração deste projeto e na captação de recursos para que possamos dar início as obras. O sonho é alto, as dificuldades são grandes, mas vamos trabalhar para conseguir levantar esse centro.

Esporte Ágil - E para quando será entregue esse projeto?
João Rocha - O que posso dizer é que neste primeiro momento estamos elaborando o projeto. Estamos entrando em contato com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) que vai nos dar uma assessoria técnica. Então o COB vai ser envolvido, o Ministério do Esporte vai ser envolvido. Vamos fazer gestão junto à iniciativa privada de maneira que possamos conseguir parcerias também. Primeiro estamos envolvido na elaboração do projeto, depois é que buscaremos recursos para dar início a construção. Mas sabemos que isso não se dá com muita rapidez, não. E vamos estar acelerando o processo para que se consiga com esse tempo.

Esporte Ágil - As inscrições para o FAE (Fundo de apoio ao Atleta) estão se encerrando no dia 31.
João Rocha - Trinta e um de janeiro é o prazo limite, não haverá prorrogação para a entrega dos projetos. Após a comissão gestora se reunir e definir claramente os critérios que serão usados para a aprovação dos projetos, aí estaremos encaminhando para a comissão que ela possa estar fazendo esta avaliação.

Esporte Ágil - O montante é o mesmo do ano passado?
João Rocha - Não fechamos ainda, porque o dia 31 de janeiro é o prazo. Precisamos aguardar para fazer esse balanço, essa avaliação. Nós temos no orçamento R$ 300 mil para contemplar os atletas.

Esporte Ágil - Esse é o mesmo valor do ano passado?
João Rocha - Houve um avanço.

Esporte Ágil - Quer dizer que este ano mais atletas serão contemplados?
João Rocha - Estamos muito limitados ao que a comissão vai definir. Porque nós temos que definir se vamos ter uma grande quantidade com um pouquinho, ou se vamos estabelecer prioridade para aqueles atletas que já têm destaque e precisam de um apoio maior. Talvez pulverizando demais os recursos, acaba por não atender ninguém. A comissão vai decidir os objetivos, se vais ser atender os atletas de rendimentos e ai atender menos, mas atender melhor aqueles que forem contemplados. Tem um atleta que precisa de uma quantidade determinada de recurso pelo nível que ele atingiu e dar um dinheiro que não vai resolver o problema dele. Então, o que acho que temos de definir bem é isto, qual é o foco que vamos dar: ou é quantidade ou qualidade. Isso a comissão que são sete membros, de pessoas experientes, que vão ter a responsabilidade de estar dando este norte.

Esporte Ágil - Dentro dessas discussões que vocês estão tendo, qual proposta para levar mais eventos para os bairros, é aproveitar a estrutura que foi inaugurada pelo ex-prefeito?
João Rocha - A proposta é descentralizar. Todas as nossas ações vão estar voltadas para os bairros. Vamos estar implementando ações em todo esse sentido: o esporte social, o educacional, que não precisa nem falar porque temos uma grande quantidade de escolas que atendem os bairros, vamos ter projetos formando parcerias com as secretarias de Educação e de Assistência Social, que vão estar integradas na realização desses projetos. Desta maneira vamos poder estar na periferia também. Levar a oportunidade tanto da prática do esporte, quanto da qualidade de vida enquanto atividade física para a saúde. Serão implementados projetos à comunidade, nos moldes dos que já realizamos no Belmar Fidalgo, Estádio Municipal Elias Gadia e assim em todos esses equipamentos esportivos que a cidade dispõe nos bairros. Estaremos lá implementando programas de atividades físicas.

Esporte Ágil - É mais responsabilidade ter cultura e esporte em fundações diferentes?
João Rocha - Sempre é uma responsabilidade, mas não é necessário que tenhamos que provar alguma coisa. Mas o compromisso é muito grande no sentido de justificarmos a criação de um órgão próprio para tratar do esporte. Para isso temos certeza que vamos contar com a parceria de todas as federações esportivas, das outras secretarias municipais, estabelecendo parceria com a iniciativa privada e com as universidades. Acredito que com essa dinâmica vamos poder fazer um bom trabalho, justificando ao só a criação, mas a continuidade de um órgão próprio para tratar das questões de esporte.

Esporte Ágil - A Prefeitura tem algum projeto de apoio ao futebol, para que as pessoas compareçam aos estádios, de fortalecimento desta modalidade?
João Rocha - Essa pergunta é geral, E o que temos dito é que não adianta a Prefeitura entrar numa ceara em que ela não vai poder realmente garantir o que é necessário ao futebol profissional aqui de Campo Grande. De forma que a própria palavra profissional demonstra que os clubes precisam se estruturar de maneira que tenham condições de atuar de forma profissional. Mas nós temos como, em parceira com os clubes, ajuda-los lá na base, fazendo um trabalho social. Clubes que têm boa estrutura e estão sub-utilizados, a Prefeitura pode entrar com projetos sociais, de escolinha, não só de futebol, como outras modalidades também. De maneira que cada escolinha possa ter atletas revelados, de potencial, pode até negociar e trazer recursos e cada um possa girar a roda. Acho que temos que mexer na estrutura, os clubes têm que se estruturar melhor,  têm que se profissionalizar realmente, para ter um futebol profissional e não semi-amador. Há uma diferença entre esporte profissional e semi-amador. Tem que mexer nas estruturas, nesse sentido vamos ser parceiros, estaremos trabalhando juntos e vendo uma maneira de poder ajudar. Agora, entrar com subsídio para garantir o futebol profissional, acho que não vamos estar ajudando desta maneira.

Esporte Ágil - Saiu na imprensa que o senhor teria beneficiado ao trazer para a Fundação de Esporte pessoas da Federação de Judô, da qual o senhor fazia parte. Até que ponto isto corresponde a realidade?
João Rocha - Primeiro, vi com muita serenidade, provavelmente pode ter havido uma precipitação no momento em que se veiculou uma notícia desta ordem. E se tomar cuidado, na própria matéria que saiu isto, um pouco mais a frente vai esclarecer a própria informação. Realmente a minha origem é do judô, mas sou um profissional de Educação Física que tenho experiência, uma folha de serviço prestada ao esporte do nosso Estado que me dá tranqüilidade de poder hoje estar assumindo o comando do esporte de Campo Grande, pensando o esporte de uma maneira geral. Respeitando a minha origem, mas tratando o desporto com uma visão muito mais ampla do que simplesmente de uma modalidade esportiva. Com referência a composição da equipe, tenho uma pessoa que é ligada ao judô e que assumiu a chefia do esporte de rendimento. O judô foi a federação que no ano passado ficou em primeiro lugar no ranking esportivo, que é um esporte de extremo rendimento, nós temos na modalidade atletas campeões brasileiros, sul-americanos e pan-americanos. Então, se eu quero uma pessoa para cuidar do esporte de rendimento, com conhecimento, vou trazer uma pessoa com esses requisitos. Tenho muitos amigos e profissionais que são também da minha confiança, mas a pessoas que vai tocar o esporte de rendimento tem que ter experiência. É um ex-atleta de Seleção Brasileira, com resultados internacionais, capacitado para isto, tem cursos na área e acredito que ele vai dar conta do recado. Tem ajudado muito na Federação de Judô, grande parte desses resultados de rendimento na Federação são por conta de um planejamento na entidade. E queremos trazer essa experiência que é válida para dentro da Fundação de Esporte.

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