Bate-Bola | Da redação | 08/02/2017 11h58

Flavia Simioli

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Vice-presidente da Associação de Levantamento de Potência fala sobre o esporte e o preconceito enfrentado, principalmente, pelas mulheres. Vice-presidente da Associação de Levantamento de Potência fala sobre o esporte e o preconceito enfrentado, principalmente, pelas mulheres. (Foto: Acervo Pessoal)

Vice-presidente da Associação de Levantamento de Potência fala sobre o esporte e o preconceito enfrentado, principalmente, pelas mulheres.

A campo-grandense Flavia Simioli Gutierres, 33 anos, é uma das raras praticantes de powerlifting em Mato Grosso do Sul. Vice-presidente da Associação Sul-mato-grosensse de Levantamento de Potência, a administradora de empresas divide sua rotina entre a burocracia do escritório e os treinos com pesos.

Campeã de Levantamento Terra no Brasileiro do ano passado, ela conheceu o esporte por meio de amigos. Após se destacar, fundou, ao lado de Clayton Munhoz, a associação, que, mesmo sem apoio, luta para difundir o esporte em Mato Grosso do Sul.

“Não temos nenhum patrocinador fixo. Todo campeonato fazemos rifas e buscamos patrocínio com amigos próximos. Mas a grande parte das despesas com passagem, hospedagem, inscrição e alimentação é paga pelo próprio atleta. É muito difícil conseguir patrocínio”, lamenta.

Em entrevista ao Esporte Ágil, ela fala sobre sua relação com a modalidade e defende uma ampla divulgação para por fim ao preconceito que os atletas sofrem, principalmente as mulheres.

Confira:

Esporte Ágil - Como surgiu seu interesse por esse esporte?
Flavia Simioli - Eu sempre treinei musculação, então por meio de amigos conheci o Clayton Munhoz, dono da academia Heavy Duty, e passei a treinar lá com ele. E na academia conheci o powerlifting, me interessei e fiz um teste pra ver se me adaptava. Gostei do esperte e desde entao troquei o treino comum por levamento de peso.

EA - Qual a diferença de um treino comum de musculação para um de levantamento de peso?
FS - O treino de powerlifting é focado nos três movimentos básicos, que são os de competição: agachamento livre, supino reto e levantamento terra. Então focamos neles o treino. Utilizamos os aparelhos para trabalhar os musculos aparadores. O esporte visa nossa carga máxima para uma uma repetição. Nas competições temos três tentativas para cada exercício, sendo as cargas progressivas.

EA - Como os competidores se organizam em Mato Grosso do Sul?
FS - Hoje temos a ASLP, que é a Associação Sul-mato-grosensse de Levantamento de Potência, que organiza os eventos. Somos filiados a Confederação Brasileira de Levantamento Básico. A Confederação organiza os campeonatos nacionais. Normalmente são duas competições por ano, que é do powerlifting e do levantamento terra.

EA - Essas competições regionais são seletivas para os nacionais?
FS - Sim, os atletas que se destacam nas competições e atingem boas marcas são convidados a participar do Brasileiro.

EA - Quando a Associação foi fundada? A partir de que momento viram essa necessidade?
FS - Clayton, que é nosso treinador, viu que a equipe estava crescendo e o grau de competitividade aumentando. Ele entrou em contato com a Confederação, mostrando interesse em participar dos campeonatos nacionais. E para isso precisávamos nos filiar a Confederação, atraves da Associação, e no dia 31 de julho de 2016 foi fundada a ASLP.

EA - Vocês recebem algum patrocínio?
FS - Não temos nenhum patrocinador fixo. Todo campeonato fazemos rifas e buscamos patrocínio com amigos próximos. Mas a grande parte das despesas com passagem, hospedagem, inscrição e alimentação é paga pelo próprio atleta. É muito difícil conseguir patrocínio, mas adoraríamos ter um patrocinador.

EA - Qual o gasto que um atleta costuma ter?
FS - Nosso maior custo para os treinos é o material esportivo, que é obrigatorio pra competição: macaquinho, meião, cinturão, tênis para powerlift e suplementação. Como nosso treino é de alta intensidade, é muito importante a suplementação. Todo nosso equipamento tem que ser aprovado pela Confederação. Nas competições nacionais, que são em sua grande maioria realizadas no estado de São Paulo, nosso custo é com viagem, hospedagem, deslocamento e inscrição. Nos eventos nacionais temos o antidoping, que também é cobrado do atleta.

EA - No seu caso mais especificamente, é um esporte comum entre as mulheres?
FS - Infelizmente não. Na verdade ainda existe um mito de que mulher que faz musculação fica masculinizada. Quando se trata de levantamento de peso então, o mito é maior ainda, o que não é verdade. No Brasil temos várias atletas, e todas tem corpos lindos e femininos. Mas o número de mulheres no esporte é baixo, infelizmente.

EA - O homem também pode sofrer preconceito. Como quebrar isso?
FS - Acredito que a divulgação do esporte é uma forma. Mostrar que não ficamos masculinizadas. Seria muito bom ter mais mulheres treinando. É um esporte apaixonante. E com os homens acontece sim de pensarem que usam esteróides anabolizantes, mas, como pelo menos duas vezes por ano fazemos o antidoping, é impossivel utilizar desses meios para o ganho de força.

EA - O esporte é voltado somente pra 'brutamontes', ou pessoas de porte físico pequeno também podem fazer?
FS - Não! Grande parte das mulheres estão nas categorias mais baixas. Temos vários homens também de peso corporal baixo e que pegam muito peso.

EA - Os atletas sul-mato-grossenses conquistam bons resultados fora daqui?
FS - Muito bons. Somos uma equipe relativamente nova, e já trouxemos várias medalhas para o Estado. Estamos cada vez melhores e mais competitivos. No Powerlifting 2015 em Curitiba (PR), Fabio Deák foi o terceiro colocado. No Levantamento Terra 2015, em São Paulo, Guilherme Godoy foi 3º, Henry Machado vice-campeão e Clayton Munhoz também vice-campeão. No Levantamento Terra 2016, também em São Paulo, Henry Machado foi vice, Fabio Deák foi campeão, Clayton Munhoz também foi campeão e eu fui vencedora em minha categoria.

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