Encontros dos Craques invadirá bairros de CG em 2005

VEJA MAIS

• EA Bate-bola com atleta de MMA, Kallew Dos Santos
• EA Bate- bola com jogadora de Vôlei, Bruna Brandt
• Glenison Gilbert fala ao Esporte Ágil sobre a sua trajetória no atletismo

Bate-Bola com Fernando Rezende

Fernando Augusto Pinheiro de Rezende, 47 anos, é um apaixonado pelo futebol-arte. Com a derrocada da época de ouro do Operário e do Comercial em Mato Grosso do Sul, Fernando Rezende colocou seu sonho em prática e criou o Rezende Futebol Clube. A equipe é composta por ex-atletas profissionais "aposentados" que anos atrás fizeram a festa do torcedor sul-mato-grossense e hoje têm muitas histórias para contar. A estes jogadores se juntam ex-craques de destaque nacional e internacional e dão show nos eventos do Super Encontro de Craques. Com o calendário de 2005 pronto, Fernando Rezende terá o apoio da Fundação Municipal de Esporte para levar estes eventos para os bairros da Capital, onde este ano foram inaugurados campos com toda estrutura: vestiário, arquibancadas e outros. "Foi uma idéia do novo prefeito, Nelsinho Trad e vamos fazer esta parceria", afirmou. As atividades em Campo Grande já estão agendadas para os dias 20 de fevereiro, 17 de abril, 19 de junho, 26 de agosto, 02 de outubro e 04 de dezembro e os locais ainda não foram definidos.

Esporte Ágil - Como começou o encontro de craques? 
Fernando Rezende - Eu sempre fui um operariano fanático. Por ser um sul-mato-grossense, na época ainda eram os dois estados juntos (MS e MT), e todos sabiam da potencialidade do esporte no nosso Estado. Na década de 70 e 80, o Operário e o Comercial eram times grandes, só contratavam craques de times grandes. Quando se encerrou essa fase áurea do futebol, eu sendo operariano nato, na aposentadoria do nosso futebol e, pode-se dizer que hoje não existe mais, foi que criei o Rezende Futebol Clube. Isso em 1986, quando o nosso futebol caiu praticamente de uma vez. Foi assim que começou a história do Rezende, que nada mais é do que um time formado pelos ídolos, os maiores jogadores do Operário e do Comercial.

Esporte Ágil - Então, existe mesmo um clube chamado Rezende Futebol Clube?
Fernando Rezende - Exatamente, é um clube não filiado à federação alguma. Esse clube é uma família onde nós fazemos apresentações em todo o Estado.

Esporte Ágil - E quem compõe a equipe principal do Rezende Futebol Clube?
Fernando Rezende - São aqueles ídolos que jamais o torcedor esquece, como é o caso do Copeu, Gonçalves, Henrique Pereira, Diogo, Paulo Roberto, Cido, Cocada, Baianinho. Enfim, são os verdadeiros ídolos que mesmo com o passar da idade ainda conseguem apresentar o futebol arte.

Esporte Ágil - Você joga também?
Fernando Rezende - Eu, desde 86 quando criamos o Rezende Futebol Clube, joguei até 99. Por sinal eu era artilheiro da equipe. Mas sofri uma intervenção cirúrgica na coluna, engordei quase 20 quilos e infelizmente não estou podendo praticar esporte, mas tenho a voz, a garra e a boa vontade que me faz viver com muito ânimo.

Esporte Ágil - Você chegou a jogar no futebol profissional?
Fernando Rezende - Não, sempre jogava pelada, mas era um atacante rápido. E jogar ao lado desses craques que sempre fizeram parte do time do Rezende, tornava-se fácil. Eu me orgulho de ter jogado com alguns ídolos do Operário e Comercial.

Esporte Ágil - E como começou a sua relação com o esporte?
Fernando Rezende - Eu pratiquei durante minha vida toda, hoje estou com 47 anos e até cinco anos atrás antes da operação eu pesava 70 quilos e jogava futebol de salão, futebol de campo, fui o único brasileiro a fazer parte da seleção de tênis de mesa e joguei muito futevôlei, desde pequeno sempre tive uma vida esportiva.

Esporte Ágil - E como você vê hoje o futebol do nosso Estado, que não consegue nem atrair público para os estádios?
Fernando Rezende - Eu vejo com muita tristeza e a cada encontro de craques eu estou ao microfone falando isso, cada vez que chamo nossos atletas para entrar em campo, lembro do Morenão lotado. E infelizmente, aquela época de 70 e 80, não volta 100%. Mas poderia voltar 50%, desde que os presidentes do Operário e Comercial não pensassem só neles e buscassem parceria para com as empresas, mas com credibilidade, que é o que falta hoje, em todos os ramos do futebol profissional. Eu estou há 20 anos realizando o Super Encontro de Craques, eu sou uma pessoa pequena, mas o que me fez grande é a pontualidade, você marcou comigo às 9h00 e eu cheguei às 5 para às 9h. Eu sou muito pontual com minhas coisas, sou muito exigente, e tomara que o torcedor volte pois nos somos acostumados a ter craques, grandes jornalistas, grandes diretores. E se voltasse pelo menos 50%, o torcedor já ficaria feliz. Teria de contratar três ou quatro jogadores de expressão, no mínimo, e se voltasse aqueles diretores do passado, o torcedor também retornaria aos estádios. E também voltaria a ter aquela imprensa que hoje ainda existe, mas está aí sem fazer nada, porque o futebol profissional nosso acabou. Então, não só a antiga imprensa, mas a de agora também, como vocês aqui que têm potencialidade, e se unisse torcedor, imprensa, diretoria e alguns craques aí, sim, resgataria o futebol profissional em nosso Estado.

Esporte Ágil - Qual é hoje o seu maior sonho? 
Fernando Rezende - O meu maior sonho é viver feliz com minha esposa e com meus filhos. E tenho certeza que esses 20 anos do Rezende Futebol Clube contribuíram muito. Pelo menos materialmente meu sonho era ter criado esse Clube e eu criei. E com muita honra, trouxe nesses 20 anos para compor também a equipe do Rezende vários craques nacionais e internacionais. Acho que eu contribuí muito, porque quando encerrou o profissionalismo eu não deixei que esses atletas do Operário e do Comercial ficassem esquecidos, porque cada evento que fazemos, a imprensa nos divulga tanto na televisão, como nos rádios e nos jornais, então eu acho que contribui sim e muito para que esses craques, essas feras do futebol, não fossem esquecidos. Com isso, eu sou uma pessoa feliz e quero continuar sendo feliz para criar meus filhos e poder pensar um pouco mais em mim.

Esporte Ágil - Qual foi o Encontro de Craques que deu mais emoção realizar?
Fernando Rezende - O meu ídolo maior no futebol mundial sempre foi o Pelé e o segundo o Rivelino. Quando eu trouxe o Rivelino em 1996, sem dúvida alguma este craque encheu os olhos das quase cinco mil pessoas que foram prestigiar o evento. Para mim foi uma alegria, porque naquela época eu pude jogar, porque não tinha sido operado. Profissionalmente, no meu ramo de produção de eventos, meu sonho era jogar ao lado do Rivelino. E eu consegui pelo menos 15 minutos deste sonho, já que tinha que comandar o evento, mas se realizou. Respondendo também, eu sou igual ao cantor Roberto Carlos, cada show que ele faz é sempre como se fosse o primeiro, então fica nervoso, tenso, preocupado, mas quando entra no palco Jesus sempre o abençoa e por isso ele é o rei da juventude até hoje. Cada um dos mais de 50 eventos que realizei é como se fosse o primeiro, então sempre tem as alegrias, o trabalho que dá porque sou muito perfeccionista, mas é sempre aquela motivação, sempre como se fosse o primeiro. Tem a alegria e ver o torcedor comparecendo aos eventos e de ver a torcida nova surgindo, e já tenho uma média de mil a mil e quinhentos torcedores que nos acompanham nestes vinte anos.

Esporte Ágil - Os Encontros de Craques já fecharam as atividades deste ano ou têm mais alguma atividade? 
Fernando Rezende - Não, nós fechamos no Belmar Fidalgo, no domingo retrasado, o Super Encontro de Craques com a presença de Edu e Airton Lira, duas feras do Santos, sendo que o Edu foi tricampeão mundial e o Airton lira após o Gerson e Rivelino foi o melhor meia esquerda que o futebol brasileiro já teve. Eu como um grande santista, santista fanático, fechei o Super Encontro de Craques com dois ex-craques do Santos.

Esporte Ágil - E as atividades em Sidrolândia?
Fernando Rezende - Ia ter, mas eu achei por bem ter cancelado, eu achei que não ia ser da forma que eu gosto de fazer, transformando o Super Encontro de Craques em uma verdadeira festa. Eu penso no torcedor, na imprensa que fez toda a cobertura de nossos eventos, nos atletas que trago de fora e nos atletas que são os ídolos do Operário e o Comercial que compõem o Rezende. Como esse evento já estava fora do calendário, então achei melhor ter cancelado, até para descansar um pouco.

Esporte Ágil - Os eventos do ano que vem já têm data marcada?
Fernando Rezende - Sim, nós vamos lançar ainda esse ano e você será uma das primeiras a saber o calendário de 2005, quando faremos de 6 a 8 eventos, sempre procuramos trazer o Edu porque ele é show, com 54 anos ele é o jogador mais requisitado no mundo todo para fazer esse tipo de apresentação. Mas está também em nosso calendário o Bebeto, ex-Flamengo, ex-Vasco e tetracampeão da Seleção Brasileira e o Eder, ponta-esquerda do Atlético Mineiro, enfim terá muitas novidades, o próprio Rivelino, porque tem muitos pedidos de torcedor.

Esporte Ágil - E como funcionam os apoios para a realização dos eventos?
Fernando Rezende - Você citou bem, eu sou assessor do deputado federal Nelson Trad em Brasília o que me dá um respaldo. E os patrocinadores que me apóiam no evento, eu uso no evento, porque esses craques que pertencem ao Rezende, que jogam ou jogaram no Operário e Comercial, além deles não serem esquecidos pelo torcedor, eu pago o cachê por partidas para os jogadores daqui. Para os que vêm de fora, vêm de avião, ficam nos melhores hotéis. Eu quero agradecer por esses anos todos, o apoio que tenho da Vivo representada pelo diretor regional Augusto Ferreira Castro, da Funcesp do diretor Carlos Alberto de Assis e do presidente Américo Calheiros, da Termoline, da Ótica Super Visão, Auto Peças Ipiranga, Umbro, Hotel Internacional e Arte Livre, sinceramente de coração. E a toda a imprensa e torcedores que têm me acompanhado e agora a Esporte Ágil que eu achei um trabalho super profissional, e apesar da pouca idade vocês têm tudo para vencer, eu tive analisando a cobertura que vocês fazem nos eventos daqui e realmente quem acessar esse site vai saber de tudo o que acontece, e esta vai ser mais uma parceria que vamos ter em 2005.

Esporte Ágil - No próximo ano, a cultura e o esporte terão fundações diferentes no município de Campo Grande com a divisão da atual Funcesp. O que você acha que vai melhorar na área esportiva com essa alteração? 
Fernando Rezende - Vai melhorar muito, eu sendo assessor do Nelson Trad, estando com ele há 14 anos, praticamente sou irmão de consideração tanto do Nelsinho Trad como do Marquinhos Trad. E já que você citou o lado cultural, para mim vai ser muito importante. Pretendo realizar quatro eventos culturais, vai ser o Projeto Jovem Guarda, e como já faço o Encontro de Craques trazendo a velha guarda do futebol, vamos trazer também a Jovem Guarda da música. Acho que a Funcesp fez um trabalho maravilhoso nestes oito anos, um trabalho de aplauso, digno de se continuar. Com esse desmembramento tem tudo para melhorar mais ainda, porque tendo verba para a cultura, verba para o esporte e tendo pessoas como esses atuais o Américo e o Carlos Alberto, não sei se eles continuam mas torço para isso, a tendência é melhorar. E Nelsinho muito inteligente, realmente foi muito feliz em desmembrar a cultura do esporte.

Esporte Ágil - Quais os craques que você trouxe para a festa?
Fernando Rezende - Nestes vinte anos de Encontros de Craques trouxemos vários, vou citar alguns com o Rivelino, Roberto Dinamite, Adílio, Paulo Isidoro, Luiz Pereira, Ademir da Guia, Edu, Careca, Airton Lira, Renato, Zenon, Amaral. Bom, já deu para sentir que foram os grandes craques.

Esporte Ágil - Você irá trazer no próximo ano craques mais jovens, como é o caso do Bebeto? 
Fernando Rezende - Exatamente, o Bebeto tem 40 anos e o Careca tem 42 e vamos mesclar. O Rezende sempre trouxe o pessoal da Copa de 70 porque eles nunca pararam de jogar, se você pegar alguns jogadores que foram tetracampeões pararam e apesar de serem novos não são tão requisitados como os da década de 70: Jairzinho, Rivelino, nunca pararam de jogar e dão show. Pretendo mesclar jogadores de 40 com estes cinqüentões, por exemplo, o Bebeto e o Romário se parar vamos trazer.