Bate-Bola | Da redação | 06/01/2017 13h10

Eder Soares

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Eder adotou uma corrente nutricional que tem ganhado espaço: a de que a gordura pode, sim, integrar uma dieta saudável. Eder adotou uma corrente nutricional que tem ganhado espaço: a de que a gordura pode, sim, integrar uma dieta saudável. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress/Reprodução))

Com uma dieta a base de gorduras, bacon, ovos e carnes, o lutador de Inocência foi destaque no jornal Folha de S. Paulo.

Com uma dieta nada convencional, a base de gorduras, bacon, ovos e carnes, o sul-mato-grossense Eder Soares, 34 anos, foi destaque no jornal Folha de S. Paulo, maior diário do país. Ele adotou uma corrente nutricional que tem ganhado espaço: a de que a gordura pode, sim, integrar uma dieta saudável.

Lutador de MMA e personal trainner, Eder começou a a treinar karatê na cidade de Inocência em 2002, com o sansei Edilton Garcia, seu grande incentivador no esporte. Hoje, treinando em São Paulo, Eder se destacada nas diversas modalidades que luta, como jiu-jitsu, karatê e muay thai.

Confira abaixo uma entrevista com o lutador:

Esporte Ágil - Como começou seu interesse por essa corrente nutricional?
Eder Soares - Sempre comi gordura, na fazenda, com a comida que minha mãe fazia na banha de porco. Sempre gostei muito de carne gorda. Fui para São Paulo e, quando comecei lutar no profissional, precisava bater o peso: baixar às vezes 15kg, talvez até mais, e eu sofria muito. Nessa época, cortava gordura para conseguir bater e comia bastante salada. Até que eu conheci um nutricionista no lugar onde fazia preparação física e ele falou que eu estava fazendo errado. Ele disse: vai lá e come um pedaço de pizza com o máximo de queijo possível, bastante gordura. Comi, e no outro dia estava com o peso baixo. Notava também que os meninos tinham mania de tirar a parte gorda do bife. Eu pegava e comia. Eles me falavam que ia ficar gordo, mas eu sempre fiz isso e nunca fiquei gordo, e via eles gordinhos. Achava estranha essa associação. Já na faculdade, questionei bastante a parte de nutrição. Comecei estudar por conta própria e conheci o nutricionista Leopoldo Leão, que me ajudou bastante no início e até hoje brinco que ele é meu mestre. Outro que eu sigo, o doutor Leandro, que é endocrinologista, fala muito bem dessa redução de carboidrato e do aumento da ingestão de gordura. Então catei minha parte cultural, da minha cultura, e adaptei, coloquei dentro do meu estilo de vida. Hoje, é conhecido no Brasil, mas muitas pessoas defendem essa corrente e eu sou uma delas.

Quais diferenças você notou quando passou a adotar esse tipo de alimentação?
A primeira, e mais gritante que sentimos, é a não necessidade de comer toda hora. Tem esse mito de que temos que comer de 3 em 3 horas. Assim, você se enche de carboidrato, sente fome e estoca açúcar em forma de gordura. O que sempre senti é que nunca fui gordo e sempre fui forte. Nunca fiz uso de anabolizantes. Secar mais rápido é uma das coisas que acontecem com as pessoas que adotam esse método. O carboidrato vem com duas moléculas de água, então, se você diminuir, retém menos líquido. A gordura traz saciedade e diminui a vontade de comer toda hora. Faço duas alimentações no dia, às vezes uma só. Como o máximo de proteínas e gorduras, mas é um método mais avançado da dieta, quando faço jejum intermitente. Quando você se acostuma com a baixa do carboidrato, você não sente fraqueza ou tontura. Isso é para quem é adaptado ao carboidrato. Às vezes meu café da manhã é ovo e bacon e não sinto fraqueza. É só um período de adaptação que precisamos ter.

Como é sua dieta e rotina de treinamentos hoje?
Acordo 5h40 e dou três personais antes de ir para os treinos. Treino das 10h30 às 15h30, depois almoço, como algo, e dou aula depois até às 00h. Café da manhã raramente tomo. “Café da manhã é a refeição mais importante do dia”. É mentira, então não tomo. Quando tomo, é ovo frito com bacon. Ou às vezes tomo café preto, e esporadicamente como carboidrato, como pão de queijo ou pão francês. Não é uma dieta, é um estilo, um modelo alimentar. Não tem cardápio especifico, mas procuro comer bastante proteína animal, no caso, a carne gorda. Todas minhas refeições são assim, com carne de vaca, carne de porco, de preferência bisteca, picanha ou contra filé. Normalmente, faço uma refeição mais pesada a noite. Às vezes como só a carne gorda e a salada, durante o dia procuro manter baixo o carboidrato. Só subo antes que eu treino. Então como algum vegetal não tubérculo. À noite, como os tubérculos, como mandioca e batata, mas sempre predomina a presença da gordura, ou do queijo, da carne, do bacon, ou manteiga. Ovo então está sempre presente na minha alimentação.

Doces entram no seu modelo alimentar?
Procuro evitar doce demais, como bolo e refrigerante. Mas o doce é permitido. No meu caso, vou fazer um treino intenso, às vezes, se meu carboidrato está baixo, uso um chocolate como pré-treino. Chocolate, doce de leite, amendoim, é de energia rápida e vai ser completamente consumido no treinamento. Nesse sentido, doce é permitido. Se não fosse o doce, seria uma fruta, mas como chocolate é mais gostoso, prefiro ele. No caso do amendoim, tem a gordura. Dependendo da funcionalidade do doce ou do carboidrato, é permitido, sim. Se um dia eu não for treinar, eu não uso o doce, ou até mesmo com treino eu não uso. É um uso bem esporádico.

A falta do carboidrato te trouxe algum tipo de indisposição?
Precisamos de um tempo de adaptação, no caso, para pessoa que não tem costume em comer gordura. Vai dar uma lubrificada maior no intestino, vai funcionar melhor. Não diria que isso é um efeito colateral, mas um beneficio, principalmente para mulheres com intestino preso, já que a gordura solta. Num caso mais agudo, daria uma dor de barriga, mas isso é bem difícil de acontecer. Eu não senti, pois já era acostumado, e a baixa do carboidrato também, por conta das lutas. Mas normalmente o pessoal que começa sente fome, vontade querer comer carboidrato, mas isso não é uma fome física, é uma fome psicológica por causa da dependência do carboidrato. Você percebe que não precisa ser escravo da comida, pode comer hora que quiser e se manter saciado. Quem inicia, dá tremedeira, tontura, essas coisas. É só resistir que você ultrapassa essa fase, você se adapta e o corpo se acostuma a usar os próprios nutrientes, no caso, a gordura como substrato energético.

Mais alguma informação que acha importante ressaltar?
O pessoal tem esse medo de comer gordura, e todos adotam uma dieta rica em carboidratos, quando deveria ser o contrário. Quanto mais você manter sua glicose baixa, mais saudável você é. Esse mito de que a gordura causa infarto é mentira. A maioria das doenças cardiovasculares vem pelo excesso de carboidrato. Eu prego que o pessoal precisa reduzir carboidrato. As pessoas precisam comer comida de verdade, salada, carne gorda. Uma frase que sempre falo: você precisa ir muito mais ao açougue e a feira, e menos ao supermercado. A comida de verdade vem disso. Quanto mais longe dos produtos industrializados, mais saudável nós seremos.

Confira AQUI e reportagem feita pela Folha com o lutador.

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