Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 16/12/2010 12h46

Bate-bola: Pedro Benítes Neto

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“No MTB o talento individual do ciclista fica mais evidente. Ele corre sem vácuo de outros atletas e tem que ter braço, técnica, sem dispensar o fôlego”. “No MTB o talento individual do ciclista fica mais evidente. Ele corre sem vácuo de outros atletas e tem que ter braço, técnica, sem dispensar o fôlego”. (Foto: Foto: Divulgação)

Pedro Benítes

Ele "incomodou" os dirigentes do ciclismo neste ano com duras críticas sobre a forma como o mountain bike era conduzido no Estado. Após o baixo número de atletas ser o pivô do adiamento de uma das etapas do Estadual, ele chegou a declarar que "essa atual diretoria não gosta da modalidade".

O gaúcho Pedro Benites Neto, de 30 anos, é vice-presidente do Clube Fadec de Ciclismo e organizador do Campeonato Intermunicipal de Mountain Bike, realizado paralelamente ao Estadual da Federação. Segundo ele, o objetivo de seu campeonato é atrair novos adeptos para o esporte.

No Bate-bola, ele conta sobre sua relação com o ciclismo, suas conquistas e afirma que, como a modalidade speed é a "elite", os dirigentes não dão a devida atenção ao MTB.

Esporte Ágil - Quando e como começou seu interesse pelo ciclismo?
Pedro Benites
- Eu lutava judô, e minha academia era na esquina de casa. Mas ela mudou e tive que comprar uma bike para continuar treinando. Aí acabei pegando o gosto pelas duas rodas.

EA - Quais seus principais títulos?
PB
- Ranking de Mato Grosso do Sul, Estadual de Cross Country, Estadual de Up Hill, Estadual de Marathon, Copa Noroeste de Mountain Bike, esse em São Paulo. Também fui campeão do ranking sul-mato-grossense por nove vezes. Meu primeiro título na elite foi aos 17 anos, quando fui convidado a correr na categoria e acabei vencendo..

EA - E por que você tem uma preferência por MTB?
PB
- No MTB o talento individual do ciclista fica mais evidente. Ele corre sem vácuo de outros atletas e tem que ter braço, técnica, sem dispensar o fôlego. O atleta de MTB é considerado mais como piloto do que ciclista. O preparo físico tem que ir além da resistência. Uma técnica mais apurada e ousadia podem fazer toda a diferença.

EA - Você acha que os atletas de MTB não são valorizados em Mato Grosso do Sul?
PB -
A maioria dos diretores e presidentes de clubes de ciclismo são corredores do speed. Talvez por não souberem mais sobre nosso esporte e o valor que ele tem mundo afora, e talvez por não ter tantos atletas de ponta no Estado, os clubes preferem não participar da modalidade. Isso reflete direto na administração da própria Federaçao de Ciclismo.

EA - E os dirigentes te olham "diferente" por você defender o MTB?
PB
- Acredito que, por conhecer bem esse esporte, acabo não poupando palavras na hora de abrir uma crítica mais contundente, e isso acaba incomodando, e admito talvez até ofendendo alguém, mas não é nada pessoal.

EA - E o que fazer pra mudar essa mentalidade das pessoas do ciclismo que não gostam do MTB?
PB
- Torná-lo mais popular, menos burocrático. Afinal, o primeiro presente que uma criança pede é uma bicicleta, mas os pais, por valores e costumes acabam dando uma bola. E essa bicicleta pode ser comprada em qualquer lugar. Então por que não criar uma modalidade, um campeonato aberto a toda comunidade?
 
EA - De que forma o Clube Fadec trabalha para expandir o mountain bike?
PB
- Estamos sempre realizando passeio de trilha, sempre como guia, realizando competições como a que tivemos esse ano, convidamos mais gente a cada passeio ou competição de forma aberta, sem taxar ninguém.
 
EA - E as entidades públicas, têm apoiado a modalidade?
PB
- Não. Podemos ver em nossas ruas, não temos ciclovias, e as que existem são ocupadas pelos pedestres. Nosso esporte é ecologicamente correto, não polui e nem causa engarrafamentos, e mesmo assim o poder público não tem uma política voltada para quem pratica esse esporte.
 
EA - O custo é muito alto?
PB
- Ao contrário do que se parece, é barato. Hoje o mercado está mais aberto, é possível ter uma bicicleta eficiente sem gastar muito. Há preço e gosto para tudo. Você pode iniciar com uma bike de 500 reais, mais equipamentos de segurança como capacete e luvas. Logicamente esses são valores para começar.
 
EA - E para um atleta profissional, quais os custos?
PB
- Isso depende muito das competições que ele irá participar, mas uma bike de ponta de um atleta de elite custa entre 3 e 5 mil reais, mais valores de passagens e hospedagem. Pode ter um custo mensal somado aos treinos e suplementos e manutenção, algo que pode chegar a 300 por mês. Isso tudo para um atleta que compete em nível nacional, o que não é nosso caso por enquanto.

EA - E o que falta para os atletas de MS competirem de igual para igual com os de fora?
PB
- Patrocínio para bancar as despesas com transporte e hospedagem fora do Estado. Já tivemos ótimos resultados fora e o que nos falta é patrocínio, alguma empresa forte que queira bancar. Mas temos sim força para brigar.

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