Bate-Bola | Da redação | 09/06/2009 00h39

Bate-bola: Javier Garcia Cuesta

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Treinador também é coordenador técnico das seleções brasileiras de base. Treinador também é coordenador técnico das seleções brasileiras de base. (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia)

Javier Cuesta

O espanhol Javier Garcia Cuesta, técnico da seleção brasileira adulta masculina da handebol, esteve no mês de maio em Campo Grande para acompanhar a realização do Campeonato Brasileiro de Handebol Cadete masculino.

Em sua passagem pelo Mato Grosso do Sul, o treinador, que também é coordenador técnico das seleções brasileiras de base, destacou a importância de acompanhar desde cedo o desenvolvimento da modalidade no país.

Cuesta tem quatro olimpíadas no curriculo, uma como jogador e outras como técnico dos Estados Unidos, em 1984, Espanha, em 1992 e Egito, em 1996. Após os Jogos de Atlanta, o treinador trabalhou como diretor técnico da Federação Espanhol de Handebol, que se desligou no fim de 2008.

Esporte Ágil - Como você começou no handebol? Quais foram suas conquistas e os clubes que o senhor já dirigiu?
Javier Garcia Cuesta -
Eu comecei a jogar no infantil, na Espanha, num colégio. Joguei em equipes da primeira divisão e profissional, durante dez anos em Madri, depois terminei os estudos de professor de educação física e virei treinador nacional. A partir daí passei a treinar a seleção dos Estados Unidos. Estive lá oito anos, de 1979 a 1987, e depois voltei para a Espanha, estive dois anos num clube, de 1987 a 1989. Em 1989 fui para a Federação Espanhola, de 1989 a 1993. Durante a Olimpíada de Barcelona fui treinador da Espanha. Depois em 1994 voltei aos Estados Unidos por um ano, de 1994 a 1995, e depois em 1995 fui para o Egito, de 1995 a 1999. Estive também na Olimpíada de Atlanta pelo Egito, em 1996. Em 1999 fui para Portugal, estive seis anos na seleção de Portugal, até 2005. E de 2005 até assumir o Brasil fui diretor da Federação Espanhola da modalidade.

Esporte Ágil - O que você conhecia do handebol brasileiro antes de vir para cá?
Javier Garcia Cuesta -
Como já dizia, estive no total 9 anos nos Estados Unidos, e jogamos muitas vezes contra o Brasil. Eu conhecia o handebol da América em geral, do Brasil em particular, conhecia as pessoas, e há alguns anos houve um interesse por parte da Confederação Brasileira para que eu viesse aqui, mas eu tinha outros compromissos e outros contratos, e desta vez eu fiquei livre e estou muito contente em estar aqui.

Esporte Ágil - Qual a importância de acompanhar campeonatos de base como o realizado em Campo Grande?
Javier Garcia Cuesta -
Para mim é muito importante assistir estes torneios para ver o nível que os jogadores tem nas diferentes categorias, nas diferentes cidades. Estive há duas semanas no campeonato junior, em julho irei ao campeonato juvenil e daqui vou para Maringá assistir os Jogos Abertos Adultos. A ideia consiste em conhecer um pouco mais as equipes e os jogadores de todas as categorias.

Esporte Ágil - Qual vai ser a cara do handebol brasileiro agora sobre o seu comando?
Javier Garcia Cuesta -
Eu tenho dois objetivos claros e bem definidos. Um é tentar melhorar o resultado da seleção nacional adulta, juvenil e junior. Vamos tentar. A segunda é melhorar e estabelecer uma estrutura e uma forma de trabalho desde a seleção de base até a adulta, fazer um trabalho estruturado e de planificação que permita em 4 ou 8 anos ter um bom sistema de seleção de talentos e de evolução até os adultos.

Esporte Ágil - O Brasil é reconhecidamente o país do futebol. O que fazer para o handebol crescer aqui no país, expandir?
Javier Garcia Cuesta -
O futebol em todos os países é diferente, não podemos aspirar em competir com o futebol. O futebol é um esporte muito estabelecido mundialmente, muito popular, temos que logicamente imitar as coisas boas do futebol e de outros esportes e neste caso, por exemplo, o vôlei no Brasil, que é feito um trabalho muito bom com a equipe nacional. O que temos que fazer é buscar os pontos fortes. O handebol é possivelmente um dos esportes mais praticados nas escolas, e como digo, agora devemos estabelecer uma estrutura para selecionar os melhores, não se trata apenas de termos muita gente jogando, e sim que os melhores tenham um bom sistema de treinamento, logo melhoraremos as competições. Se quisermos melhorar e ter melhores resultados, temos que fazer melhores treinos e temos que competir mais, sobretudo em nível internacional, para aprendermos, nos compararmos e evoluir nos próximos anos.

Esporte Ágil - O senhor falou que o handebol é um dos esportes mais praticados nas escolas aqui no Brasil, e o treinador da equipe de Campos no Rio de Janeiro falou exatamente isso, que o handebol é muito praticado nas escolas, mas na hora de profissionalizar os jogadores somem. O que fazer para isso mudar? O esporte universitário seria uma saída?
Javier Garcia Cuesta -
Eu penso que devemos esgotar todas as possibilidades. Uma pode ser o esporte universitário, outra é melhorar a estrutura dos clubes. Por exemplo, na área de São Paulo há quatro ou seis equipes com uma boa estrutura de trabalho semi-profissional. Em outros lugares e partes do país poderá ocorrer o mesmo. Por outro lado, deve-se melhorar as estruturas aqui no Brasil e pouco a pouco ir melhorando.

Esporte Ágil - Para finalizar, quais são as suas metas na seleção brasileira até as Olimpíadas de Londres, em 2012?
Javier Garcia Cuesta -
Bom, como disse antes, há dois objetivos. Um é melhorar os resultados e logicamente nos classificarmos para as olimpíadas de 2012 e para o Pan-americano de 2011 e tentar melhorar a posição que terminamos a última Olimpíada [o Brasil não passou para as quartas-de-final, terminando com apenas uma vitória]. E a segunda parte, como disse antes, gostaria que nos próximos quatro anos, e é claro começaremos ainda esse ano, uma estrutura de trabalho e os diferentes patamares de todas as categorias, da seleção de base aos adultos, fazer um bom trabalho e assegurar que os talentos que descubrirmos infantis, de 5 a 6 anos, tenham um bom trabalho e possam estar na seleção adulta no futuro.

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