Bate-Bola | Pedro Nogueira/Da Redação | 13/03/2013 10h56

Bate-bola: Fernanda Ferreira

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Fernanda Ferreira

Fernanda Ferreira, 21, começou a nadar aos cinco anos e a  se destacar aos catorze, pela Mace. Logo chamou atenção das equipes de fora e, aos 16, foi para o Corinthians-SP. Dois anos depois, passou pelo Santos e mais dois anos depois, foi para o Flamengo, onde teve grande destaque. Nadando pela equipe de César Cielo, foi campeã carioca e oitava melhor do país.

Sem dinheiro, a diretoria do Flamengo resolveu extinguir a equipe de natação. Sem o apoio que tinha, Fernanda até recebeu propostas de outros clubes, mas resolveu voltar para Campo Grande para terminar a faculdade e nadar pelo estado.


Esporte Ágil - Como você ficou sabendo que iam destruir a equipe de natação do Flamengo?

Fernanda Ferreira - A gente sabia que alguns cortes iam acontecer, mas ninguém esperava isso. Foi um choque para todos. O treinador ficou muito mal. Tem atleta de nível olímpico sem equipe até agora. Foi um grande descaso do Flamengo. E não foi só com a natação, fizeram isso com a Ginástica e outros esportes.

EA - E o que você resolveu fazer depois disso?

FF - Recebi propostas do Botafogo e do Fluminense. Mas as propostas não eram boas o suficiente para eu continuar morando no Rio de Janeiro sozinha e me sustentando. Tomei a decisão de voltar para casa, para terminar a faculdade de Educação Física na UCDB.

EA - Qual o motivo dessa preferência por terminar a faculdade?

FF - Devo minha vida à natação mas quando o atleta tem que caminhar com as próprias pernas, quando ele não é valorizado, não tem apoio, ele sente a dificuldade. Estou com 21 anos, não sei mais se dá para continuar a carreira de nadadora. Quero terminar a faculdade para ter a opção de ser educadora. É muito difícil ser atleta no Brasil.

EA - Por quê?

FF - Porque o Brasil tem dificuldade em investir no talento esportivo e vai sofrer com isso nas Olimpíadas. Por exemplo, na natação, não sou só eu que sofro. O César Cielo tem dificuldades, a Joana Maranhão, o Tiago Pereira, que está sem clube.

EA - E no Mato Grosso do Sul?

FF - Melhorou desde que eu sai daqui, mas não tem investimento, o estado não investe. Este ano já perdemos atletas para o Pinheiros-SP. Eles têm que ter condições de ficar aqui e representar seu estado. Ter apoio, assistência para que não precisem sair do MS para se destacar.

EA - O que você acha da cobertura da imprensa, tanto nacional quanto estadual, da natação?

FF - No Brasil é só futebol. Só sai alguma coisa de natação se o César Cielo for pódio. Aqui no Mato Grosso do Sul, eles só vêm quando você está caindo. Quando eu estava me destacando no Flamengo, ganhando, ninguém aparecia. Agora que uma atleta de nível nacional volta para sua cidade vem todo mundo atrás de mim.

EA - Você vai só terminar a faculdade este ano, não vai competir?

FF - Assinei semana passada contrato de um ano com a equipe 1 da UCDB/Dom Bosco. Fui convidada pelos técnicos Durval Barbosa e André Esquivel, que é meu amigo de piscina, de começo de carreira, e aceitei. Quero representar meu estado no que pode ser meu último ano como nadadora.

EA - E qual você acha que será a reação dos atletas que estão começando na natação, ver você voltando para Campo Grande? Pensa em encerrar a carreira este ano?

FF - Espero que seja positiva, estou aqui para fortalecer, para ajudar, trocar experiência. Que os novos atletas vejam o quão importante é representar o estado. Não sei se vou terminar a carreira, é muito difícil, mas vou deixar rolar, vamos ver o que acontece.

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