Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 12/04/2010 13h24

Bate-bola: Carlos André Marinho

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“O jiu-jitsu não tinha estrutura para organizar também eventos sem quimono” “O jiu-jitsu não tinha estrutura para organizar também eventos sem quimono” (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia)

Carlos André Marinho

"O jiu-jitsu não tinha estrutura para organizar eventos sem quimono". Partindo dessa premissa, o lutador Carlos André Marinho decidiu se organizar e fundou a Federação de Luta Livre e Submission de Mato Grosso do Sul no início deste ano. "A Federação de Jiu-Jitsu se concentrou em realizar mais os eventos do próprio jiu-jitsu, e criou um espaço para trabalhar com o sem quimono", conta o agora dirigente, que hoje conta com apoio da Federação carioca de luta livre neste início de caminhada.

O campo-grandense, de 37 anos, começou no judô. Depois, passou por diversas modalidades até se consagrar no jiu-jitsu, modalidade em que conquistou seus principais títulos. No Bate-bola, conta um pouco sobre sua vida e sobre a Federação que acabou de fundar.

Esporte Ágil - Como surgiu esse seu interesse pelas lutas?
Carlos André - Desde pequeno, meu primeiro contato foi com o judô. Troquei de esportes, pratiquei outros. Quando adolescente, fui pra capoeira e, pouco depois, parti para o jiu-jitsu. Estou há 10 anos nele. A luta sem quimono, que vem evoluindo, acabou fazendo com que nós direcionássemos a atividade para a luta livre. Hoje, o foco é a luta livre.

EA - Você saberia dizer alguns títulos que ganhou quando era atleta?
CA - Eu já fui campeão mundial pela Confederação de Jiu-Jitsu Esportivo, Sul-Americano, Pan-Americano, tri-campeão Estadual e outros. Pela Federação Internacional eu tenho o vice-campeonato pelo Máster, além de um título do Brasileiro sem quimono.

EA - Como surgiu a idéia de criar essa Federação de Luta Livre?
CA - Nós realizamos dois torneios sem quimono no ano passado com apoio de algumas federações. Observamos que o jiu-jitsu não tinha estrutura para organizar também eventos sem quimono. A Federação se concentrou mais em realizar os eventos do próprio jiu-jitsu, e criou um espaço para trabalhar o sem quimono. A Federação do Rio de Janeiro está nos apoiando nisso.

EA - Para quem não sabe, qual a diferença entre luta livre e vale-tudo?
CA
- A luta livre tem uma origem na Grécia. A luta livre moderna foi desenvolvida no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que o jiu-jitsu. Do desafio da luta livre com o jiu-jitsu, foram surgindo os vale-tudo modernos. Especificamente, a luta livre não tem o soco, o chute, como acontece no vale-tudo. A luta livre trabalha no solo, com projeções, articulações. Seria como se fosse o jiu-jitsu sem o quimono. Mas a lógica da luta é diferente do jiu-jitsu, então não dá pra comparar.

EA - Hoje, quantos atletas praticam submission aqui no Estado?
CA - Ano passado, fizemos dois torneios. Hoje, mais ou menos 200 atletas participam de competições sem quimono. Mas são atletas do jiu-jitsu que tiram o quimono. Porém, estes torneios nós fizemos com regras do jiu-jitsu, o que não vai acontecer mais este ano. Vamos usar as regras da luta livre, que são as regras do ADCC. A maioria desses atletas virá do jiu-jitsu, mas já temos contatos com a luta olímpica, muay thai, boxe... Eles querem participar da luta livre para que possam participar do MMA.

EA - Já há algum torneio para este ano?
CA - Temos dois torneios. Um deve acontecer em maio, ainda sem local definido. No final do ano, em dezembro, vamos fazer um evento maior com algumas lutas casadas. Este ano, nossa preocupação é se organizar, filiar equipes, atletas, trazer seminários, essas coisas.

EA - Você concorda quando as pessoas dizem que a luta livre é violenta?
CA
- Isso é mais desinformação. A luta livre é esportiva, trabalhada dentro de uma academia, focando regras e direcionada para torneios. Os torneios são estruturados. Há limites para a violência. O risco de se machucar, de lesão, toda luta tem, é a violência do esporte. Violência gratuita, nós repudiamos, e se soubermos que tem algum atleta da Federação que usou da luta livre para praticar algum ato violento fora do âmbito esportivo, ele será punido.

EA - Há algum projeto para iniciar o jovem já com a luta livre?
CA - Inicialmente, nós queremos nos organizar. Todo início é doloroso. A medida em que nos organizarmos, acredito que vai haver uma procura, pois a luta livre é referencia para a prática do MMA. Temos a idéia de começar um projeto do zero. Trazer o jovem, para que seu primeiro contato com luta, seja com a luta livre. Pegar escolinhas de base para que possamos introduzir o jovem nesse primeiro contato, para não depender do atleta praticamente formado.

EA - O que a Federação pode fazer para atrair investidores privados?
CA - Em Campo Grande, o esporte é muito dependente do governo. As federações têm dificuldade de atrair investidores na área privada. Nossa tentativa será através de torneios. Eles precisam estar organizados para atrair atletas, mídias, etc. É um trabalho que temos que fazer visando empresas de fora, com foco nacional. Empresas do Estado é muito difícil.

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