Bate-Bola | Da redação | 06/07/2009 18h44

Bate-bola: Acelino Sinjo Nakasato

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Acelino Nakasato

Campo-grandense de nascimento e com mais de 35 anos ligado ao futebol de salão sul-mato-grossense, sendo inclusive um dos fundadores da Federação de Futsal de Mato Grosso do Sul (FFSMS), o comerciante Acelino Sinjo Nakasato, diretor de competições da Confederação Brasileira de Futsal, aceitou no início deste ano o desafio de alavancar de vez o esporte na Associação Nipo-Brasileira, reconhecida no Estado apenas pelo tênis de mesa.

Perto de completar 60 anos de idade, Nakasato aceitou o convite do novo presidente da entidade, Edson Shimabukuro, e tornou-se diretor de esportes da Nipo, já colocando, após 6 meses, algumas de suas ideias em prática. O número de modalidades, por exemplo, já subiu de três para oito. A intenção agora é socializar cada vez mais o esporte na entidade, envolvendo a comunidade em torno da sede de campo.

Esporte Ágil - Como chegou ao cargo de diretor de esportes da Nipo?
Acelino Nakasato -
No início foi um pouco complicado. Muito tempo atrás eu fui diretor da associação Okinawa. Fiquei lá durante 15 anos na parte de esporte. Este ano, em janeiro, assim que o Edson Shimabukuro assumiu a Nipo, aceitei a proposta, apesar de também ser diretor de competições da CBFS e comerciante e ter o tempo meio disperso. Aceitei porque acho que o esporte na colônia está um pouco parado. Temos ao menos que tentar fazer alguma coisa, viabilizar algo com a ajuda dos amigos. Peguei essa parte do esporte meio estagnada. Tive que fazer um trabalho de base, começar tudo de novo. Por que o único esporte que estava a todo vapor lá na Nipo, como vocês sabem, é o tênis de mesa, que tem um pessoal a bastante tempo dedicado, assim como o karatê. Tivemos que dar uma sacudida. O primeiro passo que tivemos que fazer lá, como estamos sem recursos, foi nomear os departamentos de tênis de mesa, karatê, que já vinham atuando, futebol de campo, futebol de salão, vôlei, biribol, que é para o pessoal de terceira idade, que também já vinha funcionando, natação, que começou faz pouco tempo, e tênis. Quando cheguei lá havia três modalidades em andamento, e hoje estamos com oito. Estamos sim com muita dificuldade, mas tentando fazer alguma coisa no desporto. Fizemos uma rifa até, conseguindo os prêmios através de doação, para levantar dinheiro para os departamentos. No esporte você precisa de todas as artimanhas para conseguir alguma coisa. Fiz mil números, ao preço de dez reais. Cada departamento recebeu cerca de 100 números, e que do que fosse vendido 80% iria para eles e apenas 20% para o clube. Graças a Deus isso já deu uma alavancada em cada modalidade. Cada departamento conseguiu um "dinheirinho" para dar um pontapé inicial. Conseguir um objetivo assim já de cara da um ânimo para essas pessoas que estavam meio em dificuldade.

Esporte Ágil - Agora que vocês estão mais organizados, quais são os planos da entidade?
Acelino Nakasato -
Estamos fazendo um convênio. No dia 30 de março, se não me engano, fizemos um Dia de Esporte e Lazer junto com a Fundesporte, com o coronel [Júlio César] Komiyama, não só para os associados, mas abrindo o clube de campo para toda a vizinhança, que tem dificuldade financeira e de praticar esportes. Juntamente com a comunidade estive fazendo uma visita nas escolas de toda a redondeza durante uns 20 dias mais ou menos e levamos aproximadamente 600 crianças para a sede de campo. Convidamos o Corpo de Bombeiros, que cooperaram com a gente com algumas modalidades esportivas, e o pessoal do Posto de Saúde do Tiradentes, que nos forneceu uma equipe de enfermeiras que foi lá tirar pressão do pessoal, junto com o Laboratório do Sakuma, que nos deu 400 kits para medir diabetes. Tivemos o apoio de vários amigos, como a Maçonaria Nova Era Número Oito, para que pudéssemos dar um domingo de lazer para as crianças. Você imagina uma criança carente da região, de uns 6 anos de idade, ficam lá no clube normalmente até umas 17h, sem comer nada, é desumano. Com a ajuda dos amigos fizemos um carreteiro. Além do lazer, do esporte, fizemos uma parte social, que acho que também é obrigação da gente.

Esporte Ágil - Isso é um trabalho de conscientização da população?
Acelino Nakasato -
Principalmente nas redondezas tinha gente que entrava lá no clube com a ideia de arrebentar aquilo lá. Hoje estamos tentando oferecer de novo serviços para a comunidade, como o Centro de Convivência. Hoje temos aulas de informática gratuitamente para a população carente. Temos em torno de 100 alunos na região. O que acho que temos que fazer? Através do esporte, da educação, a gente perpetuar alguma coisa nas redondezas. Estamos fazendo parcerias com as comunidades. Estamos oferecendo o espaço do clube duas vezes por semana, em parceria com a Funesp. Lá está tendo inclusive um programa esportivo municipal, que tem outros quatro pontos em Campo Grande: nas Moreninhas, na Vila Popular, no Indubrasil e na Vila Nasser. Colocamos nosso espaço a disposição da Prefeitura Municipal de Campo Grande, num acordo de um ano. Apesar de tudo, essa reestruturação é um trabalho devagar. Temos que conseguir verbas. Estamos montando escolinhas toda sexta, sábado e domingo, no anexo da Escola Visconde de Caerú. Quarta e sábado temos futebol society. Além de outras atividades que nós temos, como o Undokai, que reuniu mais de duas mil pessoas, e outras festividades que temos programadas.

Esporte Ágil - Que eventos esportivos estão programados?
Acelino Nakasato -
Vai ser feito aqui pelo menos um campeonato de futebol de salão. Estamos tentando a muito tempo fazer um campeonato de vôlei, que não realizamos a aproximadamente oito anos, além de um torneio de futebol society. Estamos também tentando ajudar as outras modalidades, como na natação, que temos um menino de destaque de 14 anos, que incluive é meu sobrinho. Fizemos um convênio para ele representar o nome da Nipo, dando um apoio moral para ele, porque financeiro mesmo por enquanto nós não temos [risos]. Estamos tentando dar ênfase e fazer o pessoal da colônia participar com a nossa comunidade.

Esporte Ágil - A Nipo financia viagens de atletas para fora do Estado?
Acelino Nakasato -
Às vezes sim. Realizamos alguns eventos junto com os departamentos para dar uma ajuda, não patrocinar. Todo departamento que precisa do clube para fazer algum evento, não só diretoria como todos os departamentos poderão dar uma força, porque nosso recurso é muito pequeno.

Esporte Ágil - Você disse que a Nipo possui oito departamentos de esporte. Que retorno eles dão para a Nipo?
Acelino Nakasato -
A curto prazo eles estão aumentando o número de associados. Eu acho que o clube vive de mensalidade, e acho que através do esporte o retorno que nós temos é grande. Agora, de um modo geral, nos estamos numa dificuldade financeira muito grande. O que nós arrecadamos através da mensalidade mau nós conseguimos "empatar" os gastos. Então volta e meio nós somos obrigados a fazer alguns eventos, algumas promoções para correr atrás. Essa é a dificuldade em todos os esportes, de maneira geral.

Esporte Ágil - A estrutura da Nipo está sendo bem utilizada?
Acelino Nakasato -
Na verdade eu acho que até poderíamos estar utilizando melhor isso. De uma maneira geral falta muita coisa. Temos mil e uma idéias na cabeça, mas é difícil. Existe muito comodismo por parte de nosso associado. Hoje em dia todo mundo só quer as coisas "de mão beijada". Ninguém quer correr atrás, fazer as coisas. É uma dificuldade que nós encontramos, não só do nosso meio, mas de uma maneira geral.

Esporte Ágil - O tênis de mesa continuará sendo o carro-chefe da Nipo?
Acelino Nakasato -
Se você pensar pelo lado financeiro o tênis de mesa nos dá um prejuízo muito grande no clube. As crianças treinam de segunda a sexta, usando todo aquele espaço da sede da Antônio Maria Coelho. De mensalidade desses alunos entra em torno de dois mil reais. Se você aluga o salão uma ou duas vezes por semana, o aluguel do salão é de mil e quinhentos reais. Deixamos de alugar o salão, além de ter os custos de água e energia. Mal dá para cobrir as despesas. Para você fazer esporte aqui no Estado sem ajuda, patrocínio ou subsídio é muito difícil fazer essas coisas. Tem diretor que só vê o lado financeiro, não vê o lado social e promocional. Por aí você vê como é difícil fazer esporte por aqui. Agora no tênis, temos um associado que é diferente. Além de pagar a mensalidade do clube os jogadores pagam também uma mensalidade x para cada departamento. Agora, a maioria dos praticantes de tênis é gurizada. Se você aumentar acima dos trinta reais ele para de fazer.  E se ele for muito bom tem diversas escolas por aí. Ninguém é formador, mas todo mundo quer o filé. Fica naquele jogo de encosto. É bastante difícil, no esporte de maneira geral. Se você pensar no lado financeiro você não faz esporte. Tem que ter um maluco que fale para a gente pensar de maneira geral.

Esporte Ágil - De que forma a entidade trabalha com políticos?
Acelino Nakasato -
Na verdade político em si, para trazer subsídio, uma ou outra vez nos ajudam. Temos dois eventos que nós sempre temos ajuda, principalmente do pessoal do Governo do Estado e da Prefeitura, que é o Bon Odori, porque é uma festa tradicional que inclusive está no calendário do município, e o Undokai, que é voltado para a parte esportiva. Mas não pense que eles dão verba para gente como dão para federação. A dificuldade nossa é principalmente em conseguir patrocínio. A gente até consegue, mas é com a colaboração de amigos e parceiros. É bastante difícil fazer esporte no Mato Grosso do Sul, de maneira geral. Lógico que a mentalidade já mudou bastante, mas continua difícil. Tem que sair no comércio pedindo troféu, medalhas... É sacrificante. Acho que a pessoa para fazer esporte, principalmente amador, tem que gostar muito, senão desanima.

Esporte Ágil - E quem quiser se associar no clube Nipo? Como deve fazer?
Acelino Nakasato -
Primeiro ele tem que procurar uma pessoa que é sócio que o apresente lá no nosso clube, que não tem problema nenhum. Hoje mudou muito nossa mentalidade. Se você não tem parentesco nenhum com japonês e queira se associar não tem problema nenhum. Basta dizer que é amigo de um descendente e essa pessoa dar um testamento que você é uma pessoa boa. Acho que não tem problema nenhum. Nossas portas estão abertas para qualquer um que venha a somar com a gente.

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