Bate-Bola | Da redação | 06/07/2017 16h42

Adriana Vaz

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Especialista em corridas de trilha, atleta se prepara para seu maior desfio: disputar a etapa das Ilhas Canárias do KSeries.

Natural do interior paranaense, mas radicada em Dourados há 12 anos, Adriana Vaz é figura conhecida nas redes sociais -tem quase 25 mil seguidores no Instagram- e entre os praticantes de corridas de trilha em Mato Grosso do Sul. Funcionária pública e sempre adepta de atividades físicas, começou a correr há 4 anos por hobby e, desde então, passou a colecionar medalhas e troféus, conquistados dentro e fora do Estado.

Há dois anos, disputou o Brasil Ride, em Botucatu (SP), e ficou em quarto lugar. A paixão pela paisagem a fez optar pelas provas trail. “A prova aconteceu no local conhecido como Base da Nuvem, onde de cima do morro podia se avistar as nuvens abaixo e correr com esse cenário me fez optar por mais provas trail. Atualmente só participo de corridas de rua em ocasiões especiais”, afirma.

Após correr até mesmo no Deserto do Atacama, no Chile, a atleta se prepara para seu maior desfio: a etapa das Ilhas Canárias do KSeries, um circuito internacional de corridas de montanhas disputado em 10 países de três continentes.

“A ideia é treinar muito, ir lá para conseguir completar a prova bem, com uma boa colocação. É um lugar de tradição em corridas assim, e todos lá estão preparados para correr nas montanhas, ao contrario daqui que temos uma geografia de planícies. Então tenho que treinar em dobro para tentar diminuir essa diferença”, projeta.

Como começou sua relação com as corridas?
Sempre gostei de fazer atividade física e sempre admirei quem conseguia correr, pois é um esporte simples e acessível, mas nunca conseguia me disciplinar. Depois de algumas tentativas mal sucedidas, optei por procurar uma assessoria e conheci a Maira Brum, que é minha treinadora até hoje. O grupo de corrida me deu a disciplina que eu não tinha, além de vários amigos e a paixão pela corrida. Há dois anos participei quase que por acaso da minha primeira prova de trail run, o Brasil Ride, em Botucatu/SP, onde fiquei em quarto lugar no geral. A prova aconteceu no local conhecido como Base da Nuvem, onde de cima do morro podia se avistar as nuvens abaixo e correr com esse cenário me fez optar por mais provas trail. Atualmente só participo de corridas de rua em ocasiões especiais, como a última que participei em Campo Grande, como guia. Assim que voltei do Brasil Ride já me dediquei totalmente a esse tipo de prova e logo em seguida ganhei minha primeira prova, o Desafio Furnas do Dionísio, em Campo Grande. Já em 2016 corri somente trilhas, com exceção da Corrida das Águas Guariroba, em Campo Grande, a qual fui campeã nos 5km e da Corrida Eu Atleta, etapa de Brasília, na qual fui vice-campeã. Em 2016 ganhei a Naventura, etapa Bonito e etapa Ilha do Mel, a Amazing Run, também etapa Bonito e Ilha do Mel, fui vice-campeã da Amzing Run etapa Garopaba, participei de três XTerra, sendo que em um deles fiquei em quarto geral na corrida e no mountain bike. Também fui campeã da Mountain Do, no Deserto do Atacama. Participei de outras provas locais, tanto aqui em Mato Grosso do Sul como no Paraná. Já este ano venci a Naventura, etapa Bonito e etapa Ouro Fino, fui terceira colocada geral na K21Series na Patagônia (Argentina), entre outras provas. Sempre corri distâncias curtas, até no máximo 12km, que exigem velocidade e não resistência, mas agora resolvi me desafiar mais uma vez e participar da minha primeira meia-maratona.

Hoje você treina sozinha?
Há dois anos, deixei de treinar com o grupo e comecei a treinar sozinha, principalmente por causa dos locais de treino, já que é necessário que eu treine em locais o mais próximo possível do que exigem as provas, como estradas de terra e trilhas no meio de matas. Mesmo indo sozinha treinar, não abro mão da assessoria, pois ter acompanhamento profissional é fundamental, e permaneço até hoje com a treinadora Maira Brum.

Tem algum tipo de apoio?
Ao longo desses quatro anos consegui o apoio de várias empresas ligadas ao esporte. Minha principal apoiadora hoje é a Salomon, a maior empresa de produtos “outdoor” do mundo, que me envia todos os equipamentos que uso nos treinos e provas, como calçados, vestuários e acessórios. Também tenho patrocínio de suplementos da Farmácia Orgânica, de Campo Grande, que é uma empresa que eu admiro, porque além do incentivo ao esporte, também tem preocupação ambiental, pois a maioria dos produtos são orgânicos, e também porque desenvolvem alguns trabalhos sociais. Também tenho o apoio da Biofit, de Dourados, um estúdio onde faço a parte de fortalecimento e reabilitação, além do Dr. Rafael Alves, Nutrólogo e Médico do Esporte, que me acompanha há dois anos já, e da Mormaii, que me manda os óculos para corrida. Em dinheiro, não recebo nada e não é minha intenção também, pois tenho minha profissão e é dela que vivo. Esses patrocínios e apoios são fundamentais, pois todo o treinamento e participação em provas acabam gerando um custo muito elevado e certamente eu não teria como arcar com tudo. Hoje meu custo se reduziu a gastos com passagem e hospedagem, mas ainda é alto, pois passagem aérea ainda é um item muito caro no Brasil, e isso acaba me limitando um pouco, pois não consigo participar de todas as provas que eu gostaria.

O esporte tem evoluído em Mato Grosso do Sul?
Nos últimos dois anos, desde quando comecei, o esporte evolui muito, não só no nosso Estado, mas em todo o Brasil. Há dois anos praticamente não existiam provas trail! Agora já temos um número expressivo, inclusive com circuitos nacionais vindos para Mato Grosso do sul, como a Naventura, que realizou pelo segundo ano consecutivo a corrida na Serra da Bodoquena. Fico muito feliz em ver cada vez mais adeptos desse tipo de corrida, desse contato com a natureza. A corrida de trilha se difere das provas de asfalto justamente por esse contato com a natureza, e é menos competitiva, já que muitas pessoas participam somente para conhecer e curtir a prova, pois são sempre em lugares lindos. Hoje em dia também já temos no Brasil inteiro e aqui no nosso estado também, assessorias de corrida voltadas somente para o trail run. É uma grande evolução. Até pouco tempo não tínhamos nada disso, mas tudo é muito recente ainda, ao contrario de outros países, como a Argentina, cujo esporte já é tradição, é cultural.

O fato de as provas serem disputadas em locais de difícil acesso torna o esporte mais caro?
É um inconveniente necessário. Esse tipo de corrida geralmente ocorre em lugares afastados, alguns são áreas de preservação ambiental, e o gasto acaba aumentando por conta da logística. É mais caro para ir, as inscrições são bem mais caras justamente pelo custo da prova, pois montar uma estrutura no meio do mato acaba gerando um custo bem mais alto.

O poder público pode tornar o esporte mais acessível?
Com certeza, pois não há como fazer nada sem apoio do poder público. Quando apoia, tudo fica mais fácil, principalmente quando disponibiliza os locais. Investir no esporte é essencial.

Como é sua preparação para as provas?
Treino seis vezes na semana: faço quatro treinos de corrida, segunda, quarta, sexta e sábado, e faço dois treinos, terça e quinta, de fortalecimento. Preparar o seu corpo para correr é fundamental para evitar lesões. Treino sempre pela manhã e acordo às 6 horas todos os dias para conseguir treinar antes do trabalho. Meu dia de folga é o domingo, quando não há prova.

Quais suas maiores vitórias e decepções no esporte?
A maior vitória foi o terceiro lugar geral na KSeries em Bariloche, na Argentina. Estava há 40 dias sem correr, com o pé fraturado, fazendo natação e fortalecimento para não perder o condicionamento físico. Este é um circuito internacional e como é uma prova ranqueada, participam os melhores atletas do País, então este terceiro lugar teve um sabor de vitória. O quarto lugar no XTerra também foi muito importante, pois é uma prova de alta competitividade, onde participam os melhores atletas do Brasil. É diferente de ganhar uma prova local, onde não tem tantos atletas fortes. Acredito que não tive decepção, pois não ganhar uma prova ou não ficar bem classificado não pode ser considerado como decepção. No Xterra em Tiradentes/MG não consegui sequer completar a prova de duatlon mesmo depois de quatro meses de treino. Na hora fiquei triste, mas, depois levantei a cabeça, voltei aos treinos e na próxima etapa consegui dois pódios no geral. Decepção só acontece quando você não faz o seu melhor, e isso não tem relação com a classificação na prova.

O que você espera da sua primeira meia-maratona, nas Ilhas Canárias?
A ideia é treinar muito, ir lá para conseguir completar a prova bem, com uma boa colocação. O circuito KSeries é um circuito internacional, presente em 10 países e 3 continentes, e sei que as Ilhas Canárias tem muitas provas, é um lugar de tradição em corridas assim, e todos lá estão preparados para correr nas montanhas, ao contrario daqui que temos uma geografia de planícies, então tenho que treinar em dobro para tentar diminuir essa diferença.

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