Bate-Bola | Rosália Silva | 11/04/2005 13h04

Admir Arantes fala sobre a implantação das escolinhas em MS

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Bate-Bola com Admir Arantes, 49 anos,

O presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul, Admir Arantes, é o entrevistado do Bate-Bola desta semana. Com esta divulgação da canoagem no site, ele espera "que o Esporte Ágil seja uma ponte para a comunicação com os outros canoístas". A Federação está trabalhando com a implantação de escolinhas da modalidade em Aquidauana, Costa Rica e Bonito, além de uma maior atenção a que funciona no Parque das Nações Indígenas em Campo Grande, em parceria com o projeto federal Canoa Brasil/Segundo Tempo. Da expansão do número de atletas praticando a canoagem, Admir espera também poder preparar melhor as categorias de base. 

Reeleito para mais um mandato na entidade, Admir fala de seus planos e explica que o calendário da Federação ainda está sendo concluído. Como destaque no Estado, a canoagem tem o atleta Daniel Cavalcati, bicampeão brasileiro na categoria de descida. Cavalcanti é atualmente um dos técnicos na lagoa do Parque das Nações, adaptando seu conhecimento para a categoria de descida.

Admir não é só um incentivador da prática da canoagem dentro da Federação. Na família, ele passa seu exemplo aos sobrinhos, que começaram a competir quando ele próprio iniciou na canoagem. Já o afilhado Rafael Vasques treina com o padrinho desde os cinco anos. Agora o canoísta completa dez anos em abril e segundo Admir "vem remando e acompanhando" para ser um destaque, "vocês ainda vão ouvir falar dele", fala orgulhoso.

 

Esporte Ágil - Você foi reeleito agora para mais quatro anos na Federação de Canoagem de MS. Qual a sua avaliação do primeiro mandato?
Admir Arantes - Bom, nos primeiros quatros anos que entrei, foi num mandato "tampão". O ex-presidente, o professor Silvio Rosa, por problemas particulares, teve que largar logo no começo de 2001. Eu assumi, na época nem era vice-presidente, era apenas diretor do setor de esportes. Assumi, trabalhando praticamente a continuidade dos campeonatos estaduais e tentando, desde aquela época, implantar as escolas de canoagem no Estado. Coisa que desde o Arthur Pardial, que antecedeu o Silvio Rosa, já vinha tentando fazer. O Arthur Pardial, no caso,  ele conseguiu através da Fundesporte, colocar uma escola de Canoagem dentro do Parque, mas estava sem professor. Como é que funcionava esta escola: apenas com voluntários, pessoas que conheciam um pouco de canoagem e que já vinha remando e que ajudavam no Parque para manter a escolinha, mas sem muito retorno. Continuamos com campeonatos, tivemos de 2001 até 2004, além de participar também de campeonatos nacionais, os campeonatos brasileiros de descida, que é uma modalidade que desde a implantação da Federação de Canoagem no Estado, em 1987,  e também da ampliação da Confederação, foi uma das primeiras modalidades dentro do Brasil, quando José Carlos Zanulo criou a Federação praticamente todos aqui praticavam a modalidade de descida, que é de corredeiras. Apesar de que a nossa região aqui tem poucas corredeiras, para se ter uma idéia a mas próxima fica em Pirapitanga, a 80km daqui. Mas como já tem muita gente que faz, nós continuamos esse trabalho e tentando implantar dentro do Parque a escola de velocidade, que é uma outra modalidade e é olímpica. Todo o processo de mudança de uma modalidade para outra leva tempo, então estamos desde aquela época tentando implantar as escolas.

Esporte Ágil - E agora já existe, além de Campo Grande, a escolinha em Aquidauana e Bonito.
Admir Arantes - A segunda parte em relação ao objetivo da continuação do trabalho seria da seguinte maneira: em todo esse tempo também a Confederação Brasileira de Canoagem tenta implantar escolas, mas nós sabemos que qualquer modalidade esportiva só vai para frente se tiver base isso, isto é ponto pacífico. E a canoagem é uma modalidade que não existe escolas, lá se aprende basquete, ginástica, atletismo, vôlei, handebol, mas canoagem nem pensar. Então, nós temos que fazer esse trabalho fora, via Federação. A Confederação Brasileira, através do presidente João Tomasini, vem trabalhando para implantar, e conseguiu depois de quatro anos de luta inserir a canoagem no projeto do governo Federal, o Segundo Tempo, que é uma atividade para as crianças fora do período normal de aula. Hoje nós temos aprovado nacionalmente o projeto Canoa Brasil/Segundo Tempo.  Resolveu-se um grande problema da canoagem que é pagamento de instrutor e estagiários, coisas que nós não tínhamos, só tinha escolas sem professores. Para Mato Grosso do Sul nós conseguimos quatro pólos, de 200 crianças para cada um, todos na fase de implantação. Em Campo Grande, temos uma escola desde a época do Arthur Pardial funcionando, precariamente mas funcionando, no Parque com o apoio da Sejel. Estamos buscando parceria com a Prefeitura de Campo Grande, através da Secretaria de Educação, para colocar as crianças da Escola Banda Nunes, no Parque, também estamos negociando para efetivar isso. E também através da Sejel, o equipamento para fazer a canoagem. Nós temos que aumentar o número de barcos, uma faixa de 20 pessoas por turma temos que ter caiaques, e caiaque custa dinheiro. Essa parceria para comprar os equipamentos, nós estamos negociando não só para a Capital, mas também para Bonito, Aquidauana e Costa Rica. Campo Grande está parada na situação de melhorar o número de barcos, já em Bonito neste fim de semana com o apoio da Prefeitura e da iniciativa privada, conseguimos colocar lá seis caiaques e começou-se o trabalho de canoagem, que também tem outros esportes como vôlei e futebol de areia que já vinham sendo trabalhados, e só o que estava faltado era os caiaques para colocar as crianças na água. Aquidauana está dependendo do apoio do governo do Estado. Em Costa Rica, a Prefeitura também assumiu, vão financiar os equipamentos, então até o dia 12 de abril acredito que estaremos indo para lá fazer o mesmo que fizemos em Bonito, lançar a escola. Em Costa Rica também já estão trabalhando com as outras modalidades. Aquidauana está trabalhando dentro da Lagoa Comprida e a tem um projeto grande da Prefeitura de recuperação da Lagoa Comprida. Esta é uma lagoa muito boa para canoagem e o Giroto que é o presidente do Clube de Canoagem de Aquidauana está fazendo o possível com os caiaques que ele tem. Em Campo Grande, pelo programa Segundo Tempo, temos parceria com a Prefeitura de Campo Grande e a Fundação de Esporte do Município, do professor João Rocha. Ele flexibilizou o meu horário, eu sou funcionário da Prefeitura e tenho um tempinho para atender o projeto. E a Sejel, do professor Lazarini, inclusive o Fernando (da Sejel) nos acompanhou até Bonito no lançamento da escolinha. Na verdade, basicamente todo o apoio está sendo mais de acordo com as condições de cada secretaria, já que o dinheiro não está fácil. Em relação ao Segundo Tempo, temos as parcerias da iniciativa privada, nós temos o apoio de cada cidade dessas, fora Costa Rica por que não tem Clube de Canoagem, Bonito tem clube de canoagem e que nos dá apoio, em Aquidauana o presidente Giroto está dando apoio, em Campo Grande temos dois clubes, mas como já havia dito, está voltado mais para a Sejel e a Fundesporte. E em Costa Rica futuramente nós vamos montar realmente um Clube de Canoagem.

Esporte Ágil - E qual é o calendário da Federação, os próximos campeonatos?
Admir Arantes - Em relação ao calendário, eu já deixei propostas para os quatro clubes de um pré-calendário, porque só agora a Sejel  decidiu o ranking, do que cabe a cada Federação. Nós fomos contemplados, entre aspas, com R$ 9 mil, e com esse valor vamos ter que fazer o nosso calendário. Vamos tentar nos adequar de acordo com a realidade.  Devido ao atraso da aprovação do Fundo (FIE), deixamos de participar da primeira etapa do Brasileiro de Descida, então hoje Daniel Cavalcanti Hayahi, que é bicampeão brasileiro de descida pelo Estado não teve condições de ir a esse campeonato, nós só vamos participar da segunda etapa em Primavera do Leste (MT), em setembro. Este ano,  provavelmente o Daniel não conseguirá conquistar o tricampeonato, pois nós já deixamos de cumprir uma das etapas.  As outras etapas, em relação ao calendário, como deixei uma cópia para cada presidente e seus comandados decidirem é se aumenta, se diminui, se participa ou não do calendário. Essa semana nós estamos com reunião marcada, provavelmente quarta (6/4) a quinta-feira (7/4) para decidir realmente o calendário. Basicamente, uma das primeiras competições desse calendário, em relação ao Segundo Tempo, nós temos uma competição em Brasília. A  proposta da organizadora do evento, a Diana que é presidente do clube de canoagem de lá, é levar o maior número possível de núcleos de canoagem. Então, a Travessia das Pontes, que é o nome da competição esse ano está mais voltada para os núcleos de canoagem, que é levar pelo menos um ônibus de cada Estado que tem o Segundo Tempo/Canoa Brasil. Estamos em negociação com as empresas de ônibus, fizemos um orçamento e encaminhamos, ela achou um pouco caro, então vamos buscar outras parcerias para levar no dia 5 de junho, que também faz parte das comemorações da semana do meio ambiente em Brasília. Assim que aprovar o calendário, fazemos questão de mandar para vocês, para que divulguem.

Esporte Ágil - Além da implantação dessas quatro escolas de base de canoagem, quais são os projetos da Federação de canoagem para mais esses quatro anos?
Admir Arantes - Um dos projetos que eu acho muito importante - e não sei se realmente vou conseguir, vai depender muito da nossa diretoria - é fortalecer os grupos, qualquer federação para ser forte tem que ter base forte. E a Federação, nestes quatro anos, resumiu-se em Admir. Eu é quem faço as inscrições, na reunião que tivemos na chapa eu deixei bem claro que eu vou dividir as funções. O professor Silvio Rosa é nosso diretor de esporte, em relação a qualquer competição, ao regulamento da competição, vai ficar a critério dele, do vice-presidente e do técnico nosso de canoagem o Daniel  Cavalcanti, que é responsável pelo Segundo Tempo na lagoa e é técnico de canoagem da Federação.  O Silvio Rosa, o professor Fernando e o Daniel Cavalcanti vão trabalhar em cima do regulamento para acertar esse detalhe pra não ficar só eu fazendo. E cada clube vai tentar da sua maneira, nas suas condições, melhorar a base. Vamos encaminhar ao Clube Cobra, através do presidente José Renato Medeiros, convidar crianças para participar dos projetos que tem pra fortalecer a base. O Clube Cai N´água, que hoje nós estamos sem presidente mas vamos fazer uma eleição e provavelmente o nosso vice-presidente vai assumir, também vamos chamar para fazer esse trabalho e fortalecer a base. Daqui a quatro anos eu quero passar a Federação para esses quatro clubes decidirem quem vai continuar o trabalho.  O fortalecimento dos dois clubes de Campo Grande; temos a idéia de criar mais um, o clube Jaguaretê que tem um grupo bom participando; em Aquidauana fortalecer o clube de lá, que tem um colega nosso que trabalha praticamente sozinho lá e tem dificuldades, porque tem que fazer a parte dele em relação a sustentação da família e a canoagem é um hobby. Já o clube de Bonito está com uma parceria muito grande, pois o  vice-presidente do clube, o Cassiano, assumiu a presidência da Fundação Municipal de Esporte, ele está ajudando bastante o nosso colega Plínio e em Bonito tem uma tradição já em relação a canoagem, são cinco a seis pessoas remando realmente. Temos base, mas vamos melhorar a base com a escolinha, então basicamente, se um conseguir fortalecer esses quatro núcleos e acertar os clubes eu já me sinto satisfeito. Em quanto mais cidades conseguir colocar o Canoa Brasil/Segundo Tempo, melhor será para gente. Eu tenho um respaldo relativamente bom na Confederação Brasileira,  que além ser presidente da Federação, eu assumi em novembro a primeira vice-presidência da Confederação Brasileira.  Temos esse respaldo da Confederação, que está conseguindo implantar estes 36 núcleos do Segundo Tempo, e vamos prestar conta nesse começo de mês ao Ministério do Esporte. Terminando isso, o João Tomasini está preparando um questionário para os municípios que queiram implantar o Segundo Tempo, nós temos Três Lagoas, Porto Murtinho, Angélica, Dourados, Água Clara e vários municípios que estão afim, só que agora para colocar o Segundo Tempo no município vai tem que atender os pré-requisitos. E o nosso presidente está preparando isso e vai mandar para as federações para passar as outras cidades.

Esporte Ágil - Nós temos aqui um campeão brasileiro de descida. Agora, quais são os planos da Federação para a modalidade de velocidade?
Admir Arantes - O Daniel Cavalcanti, praticamente fomos nós que incentivamos o pai dele e depois toda a família Hayahi a remar. E o pai realmente investiu na canoagem, investiu principalmente em equipamentos. A  canoagem de descida é uma modalidade que a diferença por segundo faz um campeão, o equipamento é muito importante.  Hoje, a família Hayahi está com o equipamento de ponta, apesar dos desgastes com o tempo, quebra, é muita corredeira, mas conseguimos e o Daniel é bicampeão. Eu coloquei ele para passar a experiência dele, apesar de ser mais de decida, mas é um menino muito inteligente e tem uma visão também em relação a diferença da velocidade, porque é um rapaz que vai em competições nacionais e que conversa e se atualiza. Essa experiência, ele está passando como técnico para as crianças do Parque, temos três atletas da Escola Avant Garde que ele está lapidando, para participar já dos brasileiros. Só que em relação a velocidade, como a quantidade de atletas é muito maior, para conseguirmos um resultado expressivo como do Daniel, que é bicampeão brasileiro, eu acredito que não vai ser muito fácil. Mas vamos trabalhar com equipamento de fibra, o pessoal já trabalha em um equipamento de carbono, o remo é diferente. As adaptações para conseguir resultado são a longo prazo, mesmo. E o principal é que vamos colocar as crianças, de nível infantil, cadete, as que vão participar no segundo semestre são um pouco maiores, cadetes de 16 a 17 anos, em setembro eles já vão estar preparados, não digo para pódio, mas vão estar preparados para participar.  Eles serão os espelhos para aqueles que vem atrás.

Esporte Ágil - E já que as escolinhas vão estar atuando com duzentas crianças, sempre terá a que se destacará.
Admir Arantes - Apesar de que o objetivo em relação ao Segundo Tempo não seja tanto a formação de atletas, e sim fazer o trabalho social, tirar as crianças das ruas, mas como a Confederação e Federação de Canoagem têm o objetivo de representação e de resultados, nós vamos tentar na medida do possível colocar essas crianças, não como um todo, mas colocar um número maior número possível de crianças na água.

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