Atletismo | (Com informações do COB) | 04/06/2005 12h42

Resultado do julgamento de Vanderlei em até seis semanas

Compartilhe:

Os advogados que representaram o Comitê Olímpico Brasileiro e o atleta Vanderlei Cordeiro de Lima saíram satisfeitos da audiência realizada nesta sexta-feira, na Corte Arbitral do Esporte, em Lausanne, na Suíça. O COB solicitou, junto à última instância mundial de apelação esportiva, que seja dada ao atleta brasileiro a medalha de ouro da maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas, sem prejuízo ao italiano Stefano Baldini, vencedor da prova. Após serem ouvidos os advogados brasileiros, a testemunha e os especialistas levados pelo COB, além dos advogados da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), o painel do CAS informou que irá deliberar sobre o caso e que informará o resultado em até seis semanas.

\\\"Como entidade responsável pela delegação brasileira em Jogos Olímpicos, era dever do COB levar o questionamento à instância máxima do direito esportivo mundial. O Comitê Olímpico Brasileiro fez a sua parte, em respeito ao atleta, ao seu técnico, à Confederação Brasileira de Atletismo, a toda delegação e esporte brasileiro\\\", disse o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, no Rio de Janeiro. \\\"Agora é aguardar o resultado, confiando na isenção do painel do CAS\\\", completou.

Vanderlei Cordeiro de Lima liderava a maratona em Atenas quando no 36º quilômetro foi atacado por um ex-padre irlandês. Apesar do ataque, o brasileiro conseguiu voltar à prova e conquistar a medalha de bronze. \\\"Eu falei o que aconteceu durante a prova. Nada mais do que a verdade. O incidente me tirou a possibilidade da conquista da medalha de ouro. A solicitação da medalha não é só para mim, e sim para todo o Brasil, que acompanhou a prova com grande expectativa e ficou decepcionado quando fui atacado\\\", disse o atleta. \\\"Gostaria de agradecer ao COB por estar lutando por essa medalha. Não é só uma medalha que está em jogo, mas todo o espírito olímpico\\\", concluiu Vanderlei.

COB e Vanderlei Cordeiro de Lima foram representados juridicamente pelos advogados Sérgio Mazzillo e Marcelo Franklin, ambos membros da H.B Cavalcanti e Mazzillo Advogados. O chefe da missão brasileira durante os Jogos Olímpicos de Atenas, Marcus Vinícius Freire, representou o Comitê Olímpico Brasileiro, junto à Superintendente Jurídica do COB, Ana Luiza Pinheiro.

A defesa do COB se baseou na impossibilidade de se prever o resultado da prova não havendo o ataque. Foram demonstrados, inclusive com a projeção de um vídeo com as cenas do ataque, os prejuízos físicos e morais acarretados ao atleta Vanderlei. O tribunal foi composto por três membros indicados pelos envolvidos. Os apelantes (COB e Vanderlei) indicaram o advogado suíço Jean Pierre Morand, com bastante experiência em arbitragens perante a CAS. A apelada (IAAF) indicou o canadense Richard Mclaren e o CAS apontou o advogado sueco Haj Hobér. A decisão do julgamento será tomada através da maioria dos votos dos três integrantes do painel julgador. \\\"Correu tudo com muita tranqüilidade. Os ouvidos se expressaram com muita convicção e eu acredito que nós tenhamos conseguido fazer o painel perceber que houve uma violação das próprias regras da IAAF, no que diz respeito à segurança do atleta durante a prova\\\", comentou Ana Luiza Pinheiro.

O COB e Vanderlei Cordeiro arrolaram como testemunha o grego Polyvios Kossivas, que ajudou o atleta a se desvencilhar do irlandês. Os peritos do caso foram: Carlos Alberto Cavalheiro, técnico de atletismo da delegação brasileira em Atenas; o maratonista Luiz Antônio dos Santos; José Rodolfo Eischler, representante no Brasil da AIMS; Ricardo D\\\'Angelo, técnico do Vanderlei, e Paul Mckinnon, consultor de segurança e chefe do comando de operações dos Jogos Olímpicos de Sydney-2000. Cada um dentro de sua especialidade explicou os prejuízos sofridos por Vanderlei com o ataque.

A estratégia da IAAF foi dizer que é especulação afirmar que Vanderlei Cordeiro de Lima venceria a prova caso não ocorresse o ataque, pois o atleta poderia se machucar, escorregar ou ter câimbras. \\\"Não concordo em dizer que é especulação afirmar que Vanderlei tinha todas as condições para vencer a prova. E os especialistas que trouxemos hoje (sexta-feira) souberam explicar muito bem. Vanderlei Cordeiro de Lima merece a medalha de ouro\\\", disse Sérgio Mazzillo.

Marcus Vinícius Freire, chefe de missão do Brasil em Atenas, também ficou satisfeito com a atuação brasileira no julgamento. \\\"Fizemos muito bem o nosso papel. Agora a decisão está com o painel da Corte Arbitral do Esporte, que é uma instância neutra. Vamos aguardar\\\", comentou.
 

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS