Há 30 anos atrás, João do Pulo quebrava o recorde mundial

Há 30 anos, no dia 15 de outubro de 1975, João Carlos de Oliveira entrou para a história do esporte brasileiro e internacional. Foi naquele dia que o atleta, posteriormente conhecido por João do Pulo, atingiu a marca de 17,89m para garantir a medalha de ouro no salto triplo dos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México e estabelecer o novo recorde mundial da modalidade. João tinha apenas 21 anos quando superou em 45 centímetros a marca de Viktor Saneyev, da Geórgia (à época, república pertencente à União Soviética).

A marca do brasileiro durou quase uma década. Só foi derrubada em junho de 1985, em Indianápolis, quando o norte-americano Willie Banks saltou 17,97m. O recorde atual pertence ao britânico Jonathan Edwards, que cravou 18,29m no Campeonato Mundial de Gotemburgo-1995.

João do Pulo tornou-se o segundo triplista brasileiro recordista mundial no mesmo local em que 20 anos antes Adhemar Ferreira da Silva havia atingido a melhor marca do mundo durante o Pan da Cidade do México-1955. Na ocasião, o bicampeão olímpico em Helsinque-1952 e em Melbourne-1956 chegou ao seu quarto recorde mundial com 16,56m.

Outro brasileiro, Nelson Prudêncio, foi o responsável por superar a marca de Adhemar, quando saltou 17,27m durante os Jogos Olímpicos de 1968, também na capital mexicana. Mas o feito de Prudêncio durou pouco, já que minutos depois o soviético Viktor Saneyev saltou 17,39m e garantiu o ouro olímpico.

Ainda no Pan de 1975, João do Pulo ganhou ouro no salto em distância. Quatro anos depois, em San Juan, conquistou o bicampeonato pan-americano nas duas provas. Faturou ainda o bronze nas Olimpíadas de Montreal-1976 e Moscou-1980 e venceu as três primeiras edições da Copa do Mundo de Atletismo: em Dusseldorf-1977, Montreal-1979 e Roma-1981.

Se no Brasil João do Pulo virou ídolo, não foi diferente no exterior. \"De Oliveira\" era dono de um estilo de salto que o campeão mundial de 1987, o búlgaro Khristo Markov, disse admirar, para irritação de Saneyev, presente à entrevista coletiva.

Em 1981, pouco depois do tri da Copa do Mundo em Roma, o brasileiro sofreu um acidente de carro e nunca mais voltou a saltar. Tinha apenas 27 anos. Meses depois, teve de amputar a perna direita e decidiu, então, ingressar na carreira política: foi eleito deputado estadual por São Paulo em 1986 e reeleito em 1990. Em 1987, foi eleito por especialistas de todo o mundo o quarto maior triplista da história, atrás de Adhemar (terceiro) e à frente de Prudêncio (oitavo). Morreu em 1999, aos 45 anos de idade.

Hoje, o maior nome do salto triplo brasileiro é Jadel Gregório, de 25 anos, que foi medalha de prata no Mundial Indoor de 2004 e nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo-2003 e quinto lugar nas Olimpíadas de Atenas-2004.