Criado a partir da amizade e da paixão por motos, o grupo Tribo do Veio Zé tem desempenhado papel de destaque no cenário do motociclismo off-road em Coxim, município localizado ao norte de Mato Grosso do Sul. Com mais de 90 integrantes, o grupo atua em trilhas, competições de enduro e ações sociais, além de movimentar a economia local ao atrair eventos de nível nacional para a cidade.
O grupo surgiu há mais de 15 anos, a partir de encontros informais de amigos. “Começamos a fazer os primeiros trilhões aqui em Coxim com os amigos da região, junto com o pessoal da Mastter Moto. Na época, o Vitorino me chamou para criarmos o grupo, que na verdade é uma homenagem ao meu pai, José Vaz”, explica Claudeir de Oliveira Rodrigues, um dos fundadores. “Meu pai e eu somos envolvidos com o mundo das motos há muito tempo. Antes, praticávamos motocross sul-mato-grossense. Como essa modalidade estava meio em baixa, buscamos novas formas de diversão, daí surgiram as trilhas.”
O nome e a identidade do grupo também têm raízes pessoais. “Eu mesmo criei a logo do veinho. Hoje temos uma associação com esse nome. Somos novos, porém velhos”, brinca Claudeir. A associação formalizou-se há cerca de três anos, com o objetivo de ampliar as atividades do grupo, que passou a ter um presidente e estrutura própria.
Atualmente, a Tribo do Veio Zé reúne diferentes perfis de trilheiros, dos que buscam apenas lazer aos que competem em eventos oficiais. “Somos um grupo que procura diversão, sair da rotina, e também treinamos para as competições do Hard Enduro e enduro de regularidade”, afirma Claudeir. O grupo também é subdividido em equipes internas que participam de competições distintas. Uma delas é a equipe HECO (Hard Enduro Centro-Oeste), que tem representado Coxim em provas regionais e nacionais. “Temos um dos nossos pilotos, o Rivaldo, que está participando do Campeonato Brasileiro de Hard Enduro e está fazendo história, levando o nome de Coxim para todo o Brasil.”
Os treinos e as trilhas fazem parte da rotina dos integrantes todos os fins de semana. “Sábado e domingo é sagrado acelerar. Muitas vezes amigos de cidades vizinhas vêm andar com a gente, e temos recebido pilotos de várias partes do Brasil que vêm conhecer nossas trilhas.”
Com esse crescimento, surgem também os desafios. Claudeir cita a importância de manter o bom relacionamento com a comunidade. “Trabalhamos muito para fazer parte da comunidade. É difícil manter os novos integrantes na linha, para não estragar a confiabilidade que temos com as autoridades locais.”
O grupo tem buscado alternativas para manter a prática sustentável, tanto do ponto de vista ambiental quanto financeiro. “Hoje andamos em áreas de preservação autorizadas por fazendeiros. Fazemos o possível para não avançar em áreas de risco ambiental alto. No início foi difícil, nem todos viam com bons olhos, mas fomos abrindo trilhas para que outros grupos, como amantes da natureza, também possam usar.”
O retorno das competições tem colocado Coxim no mapa do motociclismo off-road. “Estamos trazendo duas competições importantes para a cidade. Conseguimos visitantes, movimentamos o comércio local e divulgamos Coxim, mas bancar os eventos é difícil. Dependemos de patrocinadores e muito trabalho honesto”, diz Claudeir. Em 2025, dois eventos estão confirmados: o HECO, nos dias 5 e 6 de julho, e a etapa da Copa Pantanal de Enduro de Regularidade, no dia 24 de agosto.
Segundo ele, as provas locais têm ganhado notoriedade. “Todos os anos pedem muito para fazermos outra etapa aqui. Estamos em passos lentos no crescimento do motociclismo off-road, mas estamos visíveis a nível Brasil pela qualidade dos pilotos e das trilhas.”
Apesar das dificuldades financeiras e logísticas, os resultados já aparecem. “Este ano ajudamos financeiramente dois amigos, Ademilson (Kabeça) e Leandro SJ, para participarem de uma prova. O Ademilson ficou em sexto e o Leandro em primeiro lugar. Foi uma felicidade enorme para todos nós”, conta.
Além das trilhas, o grupo desenvolve ações sociais com frequência. “Antes mesmo da associação ser criada, já ajudávamos escolas e um bairro carente por onde passamos para ir às trilhas. Todos os anos, junto com amigos do ciclismo e do atletismo, fazemos ações no Dia das Crianças, com arrecadação de brinquedos e atividades na praça”, diz Claudeir. O grupo também prepara um novo projeto voltado para crianças com deficiência. “Estamos finalizando para começar a trazer mais alegria para essas crianças.”
A segurança dos participantes também é levada a sério. “Sempre indicamos equipamentos que minimizam riscos em caso de queda, como botas de qualidade, joelheiras articuladas, capacete, óculos e colete. Às vezes falamos que equipamento é muito mais barato do que uma cirurgia de joelho”, diz. Para os iniciantes, Claudeir também faz um alerta sobre a condição das motos. “Não tem problema começar com uma DT180, desde que esteja revisada. Porque rebocar moto no meio da trilha é complicado.”
O grupo também mira alto. “Temos o sonho de trazer um Campeonato Brasileiro de Hard Enduro e de Enduro de Regularidade para Coxim. Sabemos que temos potencial para isso.” Outra iniciativa em andamento é o turismo esportivo. “Começamos ano passado a trazer grupos de fora para conhecer as trilhas e a cidade. Este ano temos dois grupos confirmados: um do Rio de Janeiro e outro do Paraná. Com isso, conseguimos movimentar e ajudar a economia local.”