Aos 24 anos, a sul-mato-grossense Ana Carolina dos Santos vive uma rotina que muitos só imaginam: entre treinos intensos, viagens pelo país e disputas contra as principais duplas do vôlei de praia nacional. Natural de Três Lagoas (MS), ela iniciou a carreira nas quadras, ainda nos Jogos Escolares, mas foi na areia que encontrou o que realmente a encantava.
“Comecei jogando jogos escolares, mas na quadra. Aí acabou os jogos, passei e vi umas pessoas treinando vôlei de praia e me interessei. Foi o que brilhou meus olhos e estou aí até hoje”, conta Ana, ao lembrar do momento em que mudou completamente os rumos da sua carreira esportiva.
Apesar de ser de um estado sem litoral, Ana Carolina não vê isso como obstáculo. “Nasci aqui, mas não paro aqui, né? Estou sempre viajando, sempre nas praias. E aqui onde eu treino é um espaço muito legal. Acho que isso não quer dizer nada, o importante é treinar e jogar”, afirma, destacando que o comprometimento e a estrutura adequada são mais importantes do que o local de origem.
A transição das categorias de base para o circuito adulto é um ponto central em sua trajetória. Segundo ela, esse período foi marcado por incertezas e desafios, mas também por insistência. “Logo que estourei minha idade nas categorias de base e segui no adulto, era tudo muito difícil. Jogava qualifyng e não passava. Até que, de tanto insistir e não desistir, consegui. E hoje estou aí jogando contra as melhores duplas do Brasil.”
Essa persistência foi recompensada com vitórias importantes. Ana destaca que cada título tem um significado especial, mas um deles se sobressai: “O que mais me marca foi ser campeã do Brasileiro adulto pela primeira vez. Só a gente, atleta, sabe o quão importante significa você treinar todos os dias e conquistar o lugar mais alto do pódio. Ver que o trabalho está dando certo e todo esforço.”
No caminho até esses pódios, a rotina de treinos é intensa. A atleta reveza sessões técnicas e físicas ao longo da semana. “Meus treinos mesclam entre dois a três por dia, depende dos dias. Segunda, quarta e sexta treino duas vezes, e terça e quinta três vezes. Entre esses treinos tem a parte física, a musculação e o treino com bola.”
Representar Mato Grosso do Sul também carrega um peso simbólico importante para ela. “Acho que sim, representar meu estado é uma responsabilidade enorme. Não só eu, né? Tem vários outros atletas de ponta daqui que representam muito bem nosso estado.” A visibilidade que conquistou serve de referência para jovens atletas que, assim como ela, começaram em cidades longe da praia, mas com muita dedicação.
Quando o assunto é pressão, Ana reconhece que ainda sente o frio na barriga, mas destaca a evolução no controle emocional ao longo dos anos. “Com o tempo e com mental bom, a pressão vai diminuindo. Claro que não totalmente, sempre dá aquele frio na barriga em cada jogo, mas menos que no começo. Acho que ninguém gosta de perder, ainda mais quando você treina muito para ter um bom resultado e não acontece como esperado. Mas como é uma competição atrás da outra, não tem muito tempo de choramingar. É assistir os jogos anteriores, ver onde errou, treinar isso e ir para a próxima.”
Mesmo com uma agenda cheia, Ana também investe no futuro fora das quadras. Cursa Educação Física e já projeta o que virá após a carreira profissional. “Penso sim futuramente em fazer parte, de alguma forma, desse esporte que mudou a minha vida.”
Com passagens por torneios internacionais, incluindo mundiais, Ana Carolina não esconde o maior objetivo de todo atleta: os Jogos Olímpicos. “Acho que todo atleta pensa nas Olimpíadas, né? Não tem como não pensar em viver esse sonho. Já joguei alguns mundiais e, claro, é sempre uma honra representar meu país. Pretendo continuar representando.”